ARTICULISTAS

Vida como banquete

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 09/10/2020 às 18:47Atualizado em 18/12/2022 às 10:11
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A natural sensibilidade humana se expressa, normalmente, no conjunto das atividades que acompanham a vida das pessoas. Não é um ato de momento, instantâneo, que não deixa de ser passageiro, mas envolve seu modo de ser e de atuar na sociedade. A vida não é só uma festa de alegria, de banquetes e lazer. Ela experimenta o lado sombrio enxertado de tristeza, desesperança e sofrimento.

A Bíblia apresenta a imagem do banquete da vida, com ricas iguarias, simbolizando a abundância dos dons e das bênçãos de Deus. Mas tem que ser um banquete que não exclui ninguém, senão essa bênção não acontece. Assim é a Nação brasileira, onde há fartura em muitas mesas, mas hermeticamente fechadas para a grande maioria da população e espaço onde a presença do pobre vira estorvo.

A vida deixa de ser banquete quando há o domínio da injustiça, da ganância e da violência. O Reino de Deus, que Jesus anunciou, tem a evidência da fartura e da partilha, onde não há domínio de uns sobre os outros, porque reina a fraternidade. Desta forma podemos dizer de vida em abundância, porque ali existe possibilidade de acesso a todas as pessoas, indistintamente.

Um banquete pode ser usado como local de congraçamento e de fortalecimento de amizades. Para os empresários, é espaço de negociação e conquista de prosperidade econômica. Sempre é mesa de abundância, mas o apóstolo Paulo diz que a vida pode ser feliz tanto na abundância como na miséria, quando tudo for realizado com critério de honestidade e preocupação com a vida digna dos outros.

O Brasil é como um “grande banquete”, mas manipulado por pessoas inconsequentes e irresponsáveis. No mundo político é uma lástima, como estamos assistindo no cenário nacional. Vemos, a todo instante, administradores de má conduta na mira da Justiça, paixões políticas provocando assassinato de candidato e empresários indo para a cadeia por práticas ilícitas. O país é banquete da morte.

Para participar do banquete do Reino de Deus é necessário estar com vestes próprias. São as vestes das bem-aventuranças, do despojamento e da vida pautada pelos bons propósitos. Não é um banquete que exclui determinadas pessoas, mas a exclusão pode acontecer através das atitudes praticadas pela própria pessoa, por não aceitar colocar em prática as exigências do banquete.

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba.

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