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Vida nova

A expressão vida nova nos leva para um pensamento próprio do tempo da Páscoa

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 28/04/2018 às 18:54Atualizado em 16/12/2022 às 04:25
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A expressão “vida nova” nos leva para um pensamento próprio do tempo da Páscoa. Tudo aquilo que aparece como antigo, em Deus, se torna novo, história nova, com todas as características da sociedade moderna. É o que acontece na vida dos cristãos, porque quem entende e vive o clima do Cristo ressuscitado, experimenta uma nova realidade no seu próprio modo concreto de viver.

A novidade da vida está apoiada no amor. Quem ama tem vida sempre nova, cheia de esperança e acredita no sucesso do que está para vir. O amor coloca a pessoa em sintonia com Deus e com o irmão. Consegue superar o espírito de desunião, de vingança e de violência. Reina a fraternidade e a convivência se torna sadia e responsável. Sem Deus o amor fica fragilizado e individualista.

Na história do Brasil, e principalmente nos últimos tempos, a vida tem sido ameaçada. Há uma afronta à natureza, à casa comum, dificultando a harmonia da criação. Vemos a potencialização dos atos destruidores, diminuindo as bases que sustentam a riqueza da natureza criada. Precisamos mudar urgentemente de rumo, usando uma tecnologia que esteja a serviço da vida.

Na Sagrada Escritura nós encontramos a parábola da videira, símbolo de fertilidade e de vida nova, porque produz frutos bons e com abundância. Ela é símbolo também do povo de Deus, que recebe os cuidados próprios para sua existência e presença na sociedade. Mas os frutos podem ser também amargos, identificados com as práticas irresponsáveis dos últimos tempos.

A imagem da videira sugere a existência de um agricultor que trabalha a terra e a faz produzir. Esse agricultor é comparado com o Pai, que tem Jesus como videira, o povo como seus ramos, e as boas obras como frutos de liberdade, que podem ser bons ou ruins. A seiva liga as diversas peças do conjunto. É a graça de Deus que deve correr pelas veias para criar harmonia em todo o corpo.

O termômetro da fraternidade é o amor. Ele tem que estar fundamentado na verdade, na consciência que vem do coração e nos critérios divinos contidos nos Evangelhos. É estar em Cristo num clima de fé e de certeza na beleza da ressurreição. O caminho foi construído por Ele, cuja culminância se deu com sua morte na cruz. A vida nova só vai acontecer de fato na eternidade.

(*) Arcebispo de Uberaba

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