Algumas pessoas que antes formavam um casal, quando do fim do relacionamento ou após uma traição do parceiro, engendram uma vingança cruel, que pode culminar na morte da mulher e, em alguns casos, na do homem, pois mulheres também têm dado o troco de maneira violenta. Ou virulenta. E um desenlace destruidor provoca muitas lágrimas na sociedade.
Enquanto algumas culturas aconselham: “Fim de romance? Siga a vida, que a vida continua!”, em outras, o homem tira a vida da companheira e, em muitos casos, é absolvido da acusação de crime, por ter agido em legítima defesa da honra. Infelizmente, nem o rigor da Lei Maria da Penha tem conseguido coibir a covardia de homens que maltratam e até matam suas companheiras.
Apesar de ser também marcada pelo sofrimento, uma briga musical pode ser aparentemente menos violenta. Os artistas Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, que se separaram, estapearam-se musicalmente com canções de grande aceitação popular. Ele cantou sua dor-de-cotovel “Enquanto eu puder esconder a verdade,/ nada revelarei./ Já chega a vergonha que eu passei. (...)/ Mulher, quando perde a vergonha e o respeito,/ não tem mais jeito, não tem mais jeito!” E a resposta veio no lamento da voz inconfundível de Dalva: “Errei, sim!/ Manchei o teu nome,/ mas foste tu mesmo o culpado./ Deixavas-me em casa,/ me trocando pela orgia,/ faltando-me sempre com a tua companhia...”
Paraguassu, cantor paulista de rádio, também se valeu da música para exprimir queixas: “Eu não quero mais o teu amor/ que tornou-me um sofredor./ Ensinou-me, por maldade,/ a sofrer tanta saudade,/ tanta mágoa e tanta dor.” E praguejou: “Quando souberes amar/ como eu amei,/ há de sentir/ como é negro o meu sofrer/, pois quem ama não descansa/ até morrer.” É provável que essa expressiva música já tenha sido cantada por vários apaixonados, debaixo da janela da amada, uma vez que serenatas faziam parte do romance. E do fim dele.
Tanto o casal quanto todos aqueles que têm sua vida relacionada à do casal sofrem com uma separação. Sendo inevitável que ela ocorra, que seja da forma menos traumática possível. Afinal todos têm o direito de continuar a viver.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro