A violência em Uberaba, a que mais nos aflige, é divulgada há tempos. A popular dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho, na Era do Rádio, compôs O Crime de Uberaba. Pela letra da música, em 1948, um rapaz que estava numa bomba de gasolina foi assassinado com um tiro pelas costas. O criminoso fugiu. Para a mãe da vítima, a justiça virá do céu.
Outro crime marcante que abalou a cidade foi o assassinato de um jovem médico em sua residência, na avenida Santos Dumont. Forças vivas (dizia-se assim, então) foram convocadas para um debate sobre a violência e estudo de providências.
Também já houve a época do crime do agradinh enquanto praticava o roubo, a quadrilha obrigava as vítimas a consumirem droga. Em reunião da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, Dom Alexandre Gonçalves do Amaral se disse indignado com o fato de essa quadrilha ter sido presa e logo liberada. Informei a Dom Alexandre que o responsável pela soltura era seu afilhado na Academia: Aluízio Ignácio de Oliveira, um dos melhores advogados criminalistas do país. Numa mostra de profundo conhecimento sobre as leis penais, Aluízio, inquieto com aquela declaração, a meu pedido, explicou-nos como foi possível, de acordo com o Código de Processo Penal, requerer ao Juiz Criminal a soltura dos réus, prontamente concedida. Ele me agradeceu por lhe ter concedido a palavra, o que lhe permitiu sair da situação constrangedora. E eu, a ele, pela magnífica aula de Direito Penal.
Drogas acendem o ânimo de criminosos, dando-lhes coragem para praticarem delitos ainda mais covardemente. E o ato de peticionar soltura de presos, hoje frequente, dá rédeas à violência e afronta o cidadão de bem, hoje, mais que ontem e (Quem sabe?!) menos que amanhã. Ou se muda a Lei Penal, ou, como disseram Alvarenga e Ranchinho, só nos restarão a proteção e a justiça divinas para sobrevivermos.