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Violência... Velada? Declarada? - II

Violência declarada? Violência velada?

Sandra de Souza Batista Abud
sandrasba@uol.com.br
Publicado em 20/09/2012 às 21:22Atualizado em 16/12/2022 às 05:10
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Violência declarada? Violência velada?

Como acontece a violência?

Quando?

Onde?

As relações humanas estão sempre vulneráveis aos riscos dos atos violentos velados. Podem-se identificar muitas delas, mas, neste momento, queremos observar uma relação profundamente problemática nos dias de hoje: pais e filhos.

Uma das consequências da grande crise de valores vivida pela sociedade contemporânea é justamente a indefinição dos papéis familiares. Se no passado existia o risco da autoridade exacerbada, como no caso do pai que não permitiu que a filha seguisse sua vocação profissional, hoje vivemos o risco da ausência de referencial de autoridade.

Pais que não sabem como dosar a liberdade de deixar que os filhos cresçam. Pais que não sabem realizar a intervenção necessária para ajudar a nortear o crescimento. E a crise dos papéis. Filho já não sabe ser filho, na mesma medida que pais não sabem ser pais.

Nesse descontrole, que tem sempre como foco o desejo de acertar — afinal, ninguém quer errar na educação dos filhos —, encontramos uma violência velada sendo praticada contra crianças e adolescentes.

Quando o pai ou a mãe permite que o filho faça o que bem entender de sua vida, uma violência terrível é cometida. Se por um lado a proibição arbitrária se configura como violência que impede o crescimento da pessoa, por outro, a permissão deliberada e sem critérios torna-se fonte de atitude violentadora.

Cada vez que uma criança ou um adolescente é exposto ao direito de decidir o que ele ainda não está preparado para decidir, um ato de violência é cometido. É também violência permitir que assuntos que não são próprios do universo infantil sejam tratados na frente de crianças. É violência cada vez que uma criança é vestida como se fosse um adulto, e dela é solicitado um comportamento que não condiz com sua idade.

Expor uma criança à necessidade de ser adulto ou exigir dela a compreensão de um universo diferente do seu é o mesmo que expô-la à orfandade. É violentá-la.

O resultado dessa violência é profundamente comprometedor na vida daquele que a experimenta. Crianças sem limites podem se tornar adultos imaturos.

Violências veladas e violências declaradas...

Violentados legitimando o poder daqueles que os violentam. Ambos privados da relação que tem o poder de promover a dignidade e o aperfeiçoamento do humano.

(*) Psicóloga clínica

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