Ora, ora, ora. E não é que o Flamengo conseguiu, mais uma vez, dar vexame jogando dentro de casa, ou seja, no Maracanã?! Dessa vez, a “casa caiu” diante do Resende, equipe do interior fluminense, na semifinal da Taça Guanabara. E, doa a quem doer, o resultado de 3 a 1 foi justíssimo. O Flamengo, tradicionalmente conhecido por formar craques, está ficando craque em dar vexames quando joga diante de sua torcida. Em 2004, perdeu a Copa do Brasil para o Santo André, no Rio de Janeiro. No ano passado, saiu da Copa Libertadores da América logo nas oitavas-de-final ao ser derrotado por 3 a 0 pelo América do México. Detalhe: no jogo de ida, na cidade do México, o time carioca havia vencido por 4 a 2 e muitos já esperavam o adversário das quartas-de-final. Pedrinho Rocha, técnico do Uberaba Sport, me disse uma coisa interessante e que muitos devem concordar. Para ele, existem muitos dirigentes de clubes que, com suas estultices, acabam prejudicando os times. Pessoas que sequer deram um chute na pelota, mas que ficam ali, atrapalhando o andamento dos trabalhos do clube. Não há dúvidas de que uma pessoa profissional e com talento no setor administrativo seja bem-vinda em qualquer diretoria. Mas, agregado às suas habilidades empresariais deve estar o bom senso e o tato com o mundo do futebol. Pois, por mais que clubes venham se tornando empresas, estes mesmos clubes ainda lidam com uma das maiores paixões do brasileiro. No Flamengo, o falastrão vice-presidente Kleber Leite e o presidente Márcio Braga só têm atrapalhado. Falam, falam, falam e não têm nada de útil a dizer. Em 2008, Braga chegou a agendar a festa de comemoração do título quando ainda faltavam dez rodadas para o final do Brasileirão e o time rubro-negro era apenas o quarto colocado. Naquela ocasião, dos dez jogos restantes, o Mengo jogaria sete no Maraca. O time até fez boas apresentações, vencendo o Coritiba por 5 a 0 e o Palmeiras por 5 a 3. Porém, parou no Goiás, quando empatou em 3 a 3; na Lusa, no empate de 2 a 2; e no Galo Mineiro, ao sofrer um humilhante 3 a 0. Ou seja, um dirigente de língua solta e irresponsável jogou a responsabilidade toda em cima dos atletas, mesmo sabendo que, matematicamente, o clube tinha apenas 10% de chances de ser campeão e que, do outro lado, sempre existe uma equipe buscando a vitória. Melhor seria se ele se preocupasse apenas em cuidar das categorias de base e correr atrás de dinheiro para pagar os três meses de salários atrasados naquela época. Aliás, esse ponto ele ainda não resolveu. Na Gávea, os atletas continuam com honorários atrasados, com direito a cobrança pública por parte de alguns jogadores. E como existem várias leis que regem o universo, muitas pessoas ligadas ao mundo do futebol dizem que lá – acreditem se quiser – a lei vigente é a Lei Vampeta, decretada quando o ex-craque passou por lá e que conta com apenas um artigo, porém, claro, objetivo e funcional: “Enquanto eles [os dirigentes] fingem que pagam, nós [jogadores] fingimos jogar bola”. É bom lembrar: os dirigentes rubro-negros prometeram, antes da eliminação da Taça Guanabara, que os dois meses de salário em atraso seriam pagos na segunda-feira de carnaval. Já foi carnaval, já foi quarta-feira de Cinzas, lá se vai a Quaresma e nada... Dentro de campo, por mais que o Flamengo estivesse invicto até então, o futebol era fraquíssimo. Coincidências, apenas coincidências.