Estimado leitor, nós todos já sentimos, em algum momento da vida, tudo de repente fora do nosso controle. Sem avisar, as coisas parecem ficar inalcançáveis. Nessa hora é como se o mundo se tornasse cinza e nebuloso, sem nenhuma cor.
Em muitos casos, sem que percebamos isso, não há nada de errado com o mundo lá fora. Tais sensações podem estar relacionadas ao nosso estado interior, nossa disposição de espírito (em Filosofia, usamos, por vezes, a palavra espírito como sinônimo de consciência). Mas, infelizmente, se há um lugar onde temos extremas dificuldades de frequentar, é dentro de nós mesmos.
Mergulhada em imensa tristeza, muitas vezes sementes de depressão, nossa alma não enxerga remédio para as angústias. A origem de nosso sofrimento pode estar associada à nossa incapacidade de vermos as coisas com um olhar mais otimista. Por vivermos esperando que as coisas possam ficar ainda piores que já estão, deixamos, às vezes, os obstáculos da vida nos abater. Sem o hábito de superar essas dificuldades, muitas pessoas se entregam a ela.
É por isso que, quando a alegria bate à nossa porta, nem sempre sabemos reconhecê-la. Vivem assim aqueles que não se sentem felizes simplesmente porque não se deixam viver momentos alegres. Mesmo sabendo do alto grau de efemeridade desses instantes, é fundamental que nos entreguemos a eles com toda a intensidade. É preciso que cada um de nós acredite que as dores e os sofrimentos terão fim, ainda que saibamos, a despeito de todo o otimismo, que muitas das dores não passarão de modo tão rápido. Perda de pessoas queridas, doenças que causam imenso sofrimento físico, incapacidade de fazermos felizes aqueles que amamos são alguns dos inúmeros sofrimentos que, por vezes, a vida nos reserva. Mas, mesmo em momentos assim, é preciso saber lidar com a dor. Uma mente capaz de enfrentar agruras faz isso com muito mais competência.
É necessário um enorme esforço de nossa consciência para não permitirmos que os sofrimentos que surgirem diante de nossa trajetória nos façam cegos e insensíveis à beleza da vida. Sempre é possível recuperar a alegria de viver, basta que desejemos isso com todas as nossas forças.
(*) Doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira e da Facthus