O povo, de um modo geral, tem conceito do que seja “um santo”. Há um modo popular de expressar quando se quer qualificar um certo tipo de comportamento. Assim é que dizemos: “Fulano é um santo. É um homem de Deus”. Ou entã “Aquela mulher sofre muito e não se queixa. É uma santa”.
O povo sabe, intuitivamente, o que significa ser santo. Não confunde “santo” com carolice, com beatice. Santo não é carola. O carola é aquele (ou aquela) que não sai da igreja, quer mandar lá dentro, acha que é dona de tudo, dá ordens pra todo mundo e, se o padre dormir no ponto, acaba mandando nele também. A carola (ou a beata) é, antes de tudo, uma chata. Vigia tudo e a todos. Sabe tudo o que se passa na igreja, com quem o padre conversa e aonde vai. Como dizia minha avó, a beata é uma pereba.
Santo ou santa é coisa muito diferente. É aquele ou aquela que traduz em sua vida, em seus atos, em suas atitudes, as exigências do Reino de Deus, isto é, aquele tipo de comportamento que Jesus pediu que vivêssemos: amar a Deus acima de todas as coisas, amar o próximo como a mim mesmo, perdoar aqueles que me ofendem, servir, ajudar sem esperança de retorno, tolerar os defeitos dos outros, compreender os erros dos outros, reconhecer o próprio lugar, respeitar o espaço do outro, principalmente com o pobre, e assim por diante.
Santos não são apenas os que estão em nossos altares. Esses são os canonizados, isto é, aqueles reconhecidos oficialmente pela Igreja como santos. Dizem que nós adoramos as imagens deles. Há séculos repetem a mesma tolice. Não adoramos as imagens. São como fotografias que nos fazem lembrar o heroísmo deles: viveram realmente o Evangelho. São para nós modelos de vida. Felizes de nós se imitássemos sua vida.
Mas santos não são apenas os canonizados. Os santos estão por toda parte. Estão dentro de nossas casas, trabalham ao nosso lado, conversam conosco, esbarramos neles andando pelas ruas. Vivem anonimamente a Fé, a Esperança e a Caridade. Seguem o Caminho que lhes foi mostrado.
Ser santo é obrigação minha. Ser santo é obrigação sua. Não é sugestão. “Dirijo-me a todos vós, amados de Deus e chamados à santidade.” (Rm 1, 7)
Padre Prata