Ficamos tão habituados com as coisas ruins presentes em nossa vida que adotamos a prática de sempre atribuir nossas frustrações, fracassos e decepções a um mal superior
Ficamos tão habituados com as coisas ruins presentes em nossa vida que adotamos a prática de sempre atribuir nossas frustrações, fracassos e decepções a um mal superior. É mais fácil culpar o diabo a fazer um exercício de reflexão e autoavaliação crítica que exigirá de nós mesmos a mudança necessária para nos aproximarmos daquilo que nos faz bem de verdade.
Estamos em uma sociedade que nos condiciona a alcançar um objetivo únic o status, aquela velha prática que exige trabalhar cada vez mais, para comprar o que não precisamos e impressionar pessoas das quais não gostamos. O que ocorre de fato é que vivemos cada vez menos.
Com o advento da Internet, temos cada vez mais amigos virtuais e cada vez menos pessoas importantes em nossa vida. Teclamos muito, falamos pouco e sentimos menos ainda. Computadores têm cada vez mais capacidade de processar e armazenar informações enquanto o nosso dia se torna cada vez mais vazio.
Encontramos nos vícios o amparo contra tamanha pressã cigarro, bebidas, remédios, drogas. Não há mais espaço para a família. É depressão demais e raramente encontramos o amor em nossas vidas. Talvez simplesmente porque estejamos nos esquecendo de como amar.
Enquanto pensamos em acumular cada vez mais patrimônio, nossos valores reais vão desaparecendo. A boa moral, as gentilezas, o sorriso sincero, a capacidade de ouvir e ser tocado por Deus no momento de decidir o que é melhor para nós. Não mais nos apaixonamos e namoramos, apenas ficamos, muitas vezes sem sequer saber o nome de quem nos acompanha.
Se algum dia trabalhamos para viver e alcançar sonhos, agora trabalhamos simplesmente para sobreviver. Não almoçamos ou jantamos com nossas famílias. Não nos sentamos à mesa para conversar. Temos acesso a cada vez mais informação e aprendemos cada vez menos.
Em menos de 20 anos desaprendemos como é atravessar a rua e bater um papo com o vizinho, como ouvir aqueles que gostam de nós, como colher a flor de um jardim e oferecer a uma pessoa especial; desaprendemos até mesmo como falar com Deus, optando por um “robotizado” pai nosso ao deitar, sem nem mesmo prestar atenção às palavras que estamos simplesmente reproduzindo.
Então, é hora de parar para refletir. Chega de simplesmente sobreviver! É preciso mudar e trazer vida para os nossos dias. Vamos alimentar nossas almas. Voltar a dizer como nossa família é importante. Abrir nossos corações para as oportunidades que Deus oferta. E claro, reaprender a dizer: EU TE AMO!!!
(*) jornalista, advogado e professor universitário