Vivemos metamorfoses aceleradas que nos apontam rumos cada vez mais diferentes e inesperados. A juventude do meu tempo, vinda de um pós-guerra, buscava suas referências e se contentava com os ídolos dos “Anos dourados”. Bill Halley, James Dean, Elvis Presley, Ava Gardner, Marilyn Monroe e outros americanos invadiram nossa cultura. Seus encantos, bem ou mal, até hoje nos fascinam. Na época aconteceu a chegada da televisão, geladeira, liquidificador, máquina de lavar roupas, aspirador de pó e engenhos outros que, definitivamente, mudariam a rota da humanidade. Tudo, entretanto, foi implantado com dosagem.
Nos anos cinquenta o computador dava os seus passos lentos e aos poucos assumiu o lugar irreversível que hoje ocupa. Não me recordo, todavia, de ter visto obstinação desvairada que alienasse os jovens a ponto de tirá-los do mundo sem saírem daqui. Hoje cada um, com os pés na terra e a mente nas estrelas, em estado normal tem o seu celular, smartphone, iPad, iPhone, iPod, MP15 e tablet, sem citar os que irão surgir.
“WhatsAppinite”, eis a nova doença dos jovens. Sim, é a inflamação dos polegares e punhos pelo uso excessivo do smartphone e do aplicativo de mensagens de texto WhatsApp. Quem ainda não viu, por exemplo, num restaurante uma família sentada para almoçar e todos os seus membros mergulhados a enviar e receber mensagens? Crianças há pouco alfabetizadas se perdem horas a fio nos milhares de exercícios repetitivos sem saber das lesões decorrentes em seus corpos. A dor é simples consequência.
Minha particular preocupação não se restringe somente à lesão dos órgãos, mas ao vício incontrolável que acomete o novo ser em formação, tornando-o vazio ou com pouquíssimo conteúdo. Estou errado em afirmar que a máquina está subvertendo o homem, pondo-o longe de si mesmo sem tirá-lo de perto? Com os lares invadidos pela tecnologia, temos filhos e pais que, além de um “oi”, quase nada falam entre si. E seguem por semanas e meses. Depois reclamam...
Aí está o start para as problemáticas mentais. Aí está um dos pontos que evidenciam a vulnerabilidade para a entrada de “coisas” indesejáveis na mente. Você, leitor(a), sabe do que estou falando. Precisa mais? Queira Deus que, um dia, pais não sejam responsabilizados pela incitação dos filhos ao uso prematuro da máquina.
Há algo nas espécies viventes que só o ser humano pode exercê-l o pranto. Com o andar da carruagem, chorarão os pais por terem proporcionado tantas facilidades aos filhos, impedindo desde cedo que eles vejam o semelhante, focando olhos nos olhos. A doença “WhatsAppinite” será apenas um dos prejuízos. O tempo dirá...