Quem vos escreve hoje é um dos maiores conhecedores da arte futebolística. Não sou um desses panacas jornalistas que de bola só entendem de sinuca, pelada de Havaianas ou futebol de botões. Eu sou histórico, tendo oitenta anos pessoais no assunto. Ainda menino joguei aqui no Diocesano pelo time da cruzada. Crescendo, passei três anos no internato do Colégio São José, no Rio. Já viu, né, todo dia uma hora de futebol.
Nas férias, ali no Rio do Peixe, meu time da fazenda enfrentava o do Messias, no Patrimônio. O pau quebrava – imaginem que o Dino jogava na posição que ele batizou: arfe direito recuado! – e daí nossa secular amizade. Voltando lá no Rio e aprovado no vestibular da Nacional de Medicina continuei meu jogo do amor: centroavante na Artilharia – CPOR e no time da faculdade. Meu lateral – ele está aqui, perguntem – era o doutor Francisco Guerra, que me ajudava dando cacetadas no time invicto da Odontologia – Sultan Mattar, volante, e Inimá Baroni, craques saudosos do nosso futebol local. Tudo isto, meus amigos, só pra dizer que pelejei muito lá dentro das quatro linhas.
Não conheço futebol apenas de arquibancada ou de cronistas que hoje ficam no microfone e jornais falando abobrinhas do que não entendem. Respeito um Juca Kfouri, o Tostão, e uns poucos outros – mas tem cara que dá dó, falando do que nunca fizeram nem conheceram, perdendo tempo com o rei Teixeira e seu valete atual, o tal de Mano Perde Todas. Meninos, eu estava e vi no Maracanã todos os jogos lá acontecidos na Copa de 50. Vi o melhor time que o Brasil já teve meter 7 a 0 na Suécia; 6 a 1 no excepcional time da Espanha. E vi também o Brasil perder de 2 a 1 para o Uruguai, a final mais inesperada e triste do nosso futebol – lágrimas escorriam pelas escadas do Maracanã. Ali, pelo menos, todo o mundo e os uruguaios – sabiam que o Brasil era o rei, o melhor.
Este respeito valeu. Ganhamos as Copas seguintes, não só por Pelé, mas sim por todo o time, em que cada jogador era estrela reconhecida no Brasil inteiro. Pois bem, meu amigo, vamos agora hospedar a Copa do Mundo de 2014. E como é que nós estamos? Que jogadores, que time, que esquema? E este eterno e falso deus Ricardo Teixeira, mandando o que quer? E este técnico Mano-hermano, que convoca jogadores do Além-Mundo, que nós não conhecemos, talvez só para agradar o rei e suas jogadas nas federações internacionais. Gente, nós perdemos todas até agora.
A minha imagem do Brasil é aquele lateral (como é o nome dele?) brincar de perder a bola na área e presentear a Alemanha com um gol de pelada. E os outros que lá estão jogando e perdendo, que apenas Mano e Ricardo Teixeira conhecem? Deixando na cerca Robinho, Maicon e outros? Qual, meus amigos! Dá dó ver como nosso jogo é jogar bola pra trás, para uma defesa apavorada e sem esquema ofensivo. Qual, meus amigos! Estou sentindo, antecipada aquela dor de 1950. Só que naquela época tínhamos craques. Hoje choramos “dirigentes”.
(*) Médico e pecuarista