Na análise da gerente do Centro Integrado da Mulher (CIM), Juciara Moura, a prevenção é a única maneira de evitar o feminicídio
Violência doméstica é crime, denuncie (Foto/Ilustrativa)
Além de abrigo e apoio jurídico e psicológico, as vítimas de violência doméstica em Uberaba também recebem orientações sobre os diversos tipos de agressões e como identificá-las. A gerente do Centro Integrado da Mulher (CIM), que oferta o serviço no município, Juciara Moura, avalia que muitas mulheres não conseguem diferenciar ou detectar situações de violência, o que prejudica o acolhimento e favorece ataques.
No final de semana dos dias 21 e 22 de janeiro, pelo menos 10 mulheres registraram boletim de ocorrência na Polícia Militar por agressões verbais ou físicas dos companheiros ou ex-companheiros. O número é estarrecedor e, segundo Juciara, significa que mais mulheres estão denunciando os casos de violência. Porém, ela pondera que o número de agressões deve ser imensamente maior.
“Nós observamos que mais mulheres buscam ajuda e mais mulheres estão denunciando. E quando nos deparamos com esse número de casos, que é assustador, costumo dizer que ainda há casos a serem denunciados. Muitas mulheres não se veem em situação de violência e isso complica muito. É muito mais comum do que a gente imagina mulheres que não percebem que vivem uma relação abusiva. E muitas vezes são mulheres com conhecimento, mas não percebem”, analisa Juciara Moura.
Por isso, além de registrar e cuidar dos casos, é preciso fortalecer a educação das mulheres sobre quais são as maneiras de ser violentada e de que forma é possível buscar ajuda. Ou seja, intensificar o trabalho de prevenção das ocorrências.
“Temos um trabalho preventivo durante todo o ano, visitando espaços, falando com mulheres, criando debates, conversas, explicando a lei Maria da Penha, contando o trabalho do município. E muitas vezes a violência não chega no serviço especializado, chega em outros espaços, por isso os profissionais têm que estar atentos. Muitas vezes é uma colega de trabalho, ou chega alguma situação na escola e a professora percebe. Quando orientamos ela, que tem serviço, que ela não está desamparada, tiramos uma pessoa da violência”, justifica a gerente.
“Porque se não for trabalhar preventivamente na sociedade, não vamos conseguir diminuir os números. Estamos em uma sociedade em que os conceitos machistas estão arraigados. A raiz do problema da violência é muito maior do que a gente imagina. Quando falamos que a mulher sofre violência física ou psicológica, as pessoas percebem com muita naturalidade, como se fosse mais uma que está apanhando. E o ápice disso aí é o feminicídio”, finaliza Juciara.
O CIM funciona na rua Luiz Próspero, 242, no Parque das Américas. O telefone é (34) 3312-9161. Caso a mulher esteja em situação de vulnerabilidade e necessite de um atendimento de urgência, a Polícia Militar deve ser acionada pelo 180 ou 190.