Alta demanda pressiona Samu em Uberaba: 91 atendimentos em um dia e quase 12 mil em nove meses

Apesar do alto volume diário de atendimentos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ainda é alvo de críticas em Uberaba. Nesta semana, ouvintes da Rádio JM apontaram casos em que teria havido recusa por falta de veículos. Em contrapartida, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ponderou que apenas nesta quarta-feira (22) foram realizados 91 atendimentos pelo serviço. Balanço parcial do ano mostra quase 12 mil atendimentos até setembro, sendo a maioria formada por casos clínicos. 

Entre os casos recentes, relatados por ouvintes da Rádio JM esta semana, estão o de um idoso com aneurisma que teria sido orientado a buscar ajuda por meios próprios e o de uma criança ferida no Parque das Américas, que aguardou atendimento sem previsão de chegada da ambulância. 

Questionada pela reportagem do Jornal da Manhã, a SMS pontuou que, atualmente, o Samu conta com quatro viaturas em Uberaba. São elas: uma Unidade de Suporte Avançado (USA), uma Unidade de Resgate Mista (em parceria com o Corpo de Bombeiros) e duas Unidades de Suporte Básico (USBs), além de uma ambulância de apoio e três de reserva técnica. 

Ainda ao JM, a Saúde confirmou que de janeiro a setembro deste ano foram realizados 11.935 atendimentos pelo Samu em Uberaba. As principais demandas no período foram casos clínicos (6.590), seguidas por traumas (3.052), atendimentos psiquiátricos (686), pediátricos (390) e obstétricos (185).  

Apesar de cumprir o mínimo exigido pelo Ministério da Saúde, o volume de atendimentos diários demonstra que a demanda pode ser maior que a estrutura atual. Em 2025, Uberaba recebeu três novas ambulâncias, mas apenas para renovação da frota, sem ampliação do número de veículos.  

As reclamações sobre demora foram alvo de questionamento enviado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPGM) por parte do vereador Tulio Micheli (PSDB). Em resposta ao caso, a Prefeitura destacou que o serviço segue protocolos de urgência rigorosos, com avaliação médica de cada chamado para definir prioridade e tipo de recurso a ser enviado. 

Em recente entrevista ao programa Pingo do J, a secretária municipal de Saúde, Valdilene Rocha, explicou que o tempo de resposta depende da classificação de urgência e que há dificuldade na composição das escalas de técnicos de enfermagem. “Tivemos um exemplo claro de quando convocamos 15 técnicos de enfermagem e apenas um compareceu. Mesmo assim, estamos mantendo as equipes, embora às vezes seja difícil montar a escala. Sobre as reclamações de demora, é importante destacar que o tempo de atendimento depende da classificação de urgência de cada caso”, disse. 

Reforçando o que foi dito pela secretária, em nota, a administração municipal informou que todo chamado é obrigatoriamente avaliado por um médico regulador, responsável por classificar a gravidade de cada caso, baseando-se estritamente nas informações e queixas relatadas pelo solicitante ao telefone. “O Samu reforça que todas as decisões seguem rigorosos protocolos de urgência, visando sempre a melhor conduta para salvar a vida em risco. Para dimensionar a alta demanda diária do serviço, informamos que somente nesta quarta-feira, dia 22 de outubro, as equipes realizaram 91 atendimentos no município. No acumulado do ano (janeiro a setembro de 2025), a central realizou 11.935 atendimentos efetivos com envio de viaturas.”, ressaltou o órgão. 

Até novembro, Uberaba deve sediar a base de regulação do Samu Regional do Triângulo Sul, que contará com 17 bases descentralizadas e 24 ambulâncias para atender 27 cidades. A expectativa é que o novo modelo, sob coordenação do Consórcio Cistrisul, reduza a sobrecarga do serviço municipal e melhore o tempo de resposta aos chamados.