Segundo dados do Instituto Brasileiro de Consultores de Organização (IBCO), cerca de 30% das pessoas aposentadas no Brasil permanecem na ativa. Em Uberaba, a tendência também é observada. De acordo com informações do Sistema Nacional de Emprego (Sine), de quatro meses para cá, foi registrado aumento de 20% na captação de vagas para pessoas com mais de 55 anos. “A maioria das empresas, que antes davam preferência a pessoas jovens na hora de contratar, está mudando de concepção. Somente hoje (ontem) de manhã, atendi mais de 20 aposentados que vieram deixar currículo”, conta funcionário do Sine. Em agência intermediadora de empregos no bairro Estados Unidos, a empresária Cássia Borges da Mata observa a mesma situação. “Começamos a perceber, há cerca de seis meses, que tem havido aumento na procura de empresas por experiência e de aposentados por trabalho. Antes, dificilmente uma pessoa com mais de 40 anos era empregada aqui, mas na semana passada, por exemplo, intermediamos a contratação de um pedreiro de 55 anos”, afirma. De acordo com Samir Cecílio Filho, vice-presidente da Associação Industrial, Comercial e de Serviços de Uberaba (Aciu), muito além de fenômeno passageiro, a situação resulta de tendência mundial, que se refere ao aumento da expectativa de vida. “As empresas só estão indo ao encontro daquilo que acontece no mundo. Se as pessoas estão ficando mais velhas de um modo geral, as empresas têm que se adequar para recebê-las”, diz. “Além, é claro, de todos os fatos relacionados à perícia e capacidade de tomar decisões, que só se adquire com a idade”, acrescenta Samir. Por outro lado, para os aposentados, a decisão de voltar ao mercado de trabalho não fica restrita à necessidade de complementar os rendimentos da Previdência. Segundo Samir, a capacidade e desejo de permanecer na ativa também são fatores que pesam na hora de decidir “esticar” o tempo de trabalho. “Antigamente, uma pessoa trabalhava por 20 anos e, hoje, trabalhamos por até 40. Não é simplesmente por necessidade, mas porque essas pessoas podem e têm todas as condições. Se a expectativa de vida vem aumentado, a idade máxima de capacidade produtiva também”, conclui.