Calouro da UFTM denuncia trote ao Jornal da Manhã

Um calouro da UFTM que não quis se identificar procurou o Jornal da Manhã para denunciar o trote realizado pelos veteranos. O estudante se mostrou indignado pelo fato de os calouros terem permanecido ajoelhados em uma lona sobre pedra brita, ouvindo xingamentos como “seu bando de bicho burro”. Ele conta que os novatos tiveram que fazer reverências aos universitários mais velhos.   O trote ocorreu em um estacionamento vazio na avenida Guilherme Ferreira, na segunda-feira, de acordo com a integrante da comissão organizadora, Luiza Jardim, do 3º semestre curso de Fisioterapia. Ela confirmou que os alunos ficaram joelhados, fazendo reverências, sob cascalho, mas que os calouros não eram obrigados a participar. A bateria da Medicina fez uma apresentação e depois os veteranos jogaram tinta nos alunos, segundo a estudante.   Luiza acrescenta que esse ano o trote foi mais leve que o do ano passado, porque os calouros não precisaram ficar só de cuecas. “Algumas pessoas apelaram, por exemplo, quando alguém pedia para beijar a mão dos veteranos, mas ninguém era obrigado a participar. Tanto que nem todo mundo ficou ajoelhado. As pessoas podiam ficar sentadas também. Quem não estivesse gostando podia ir embora”, ressalta.   De acordo com a estudante do 3º período de Enfermagem, que também faz parte da comissão organizadora do trote, estavam presentes em torno de 100 calouros. Ao todo, a universidade recebeu 844 novos alunos, mas a maioria preferiu não participar. O calouro de Medicina Guilherme Azevedo conta que não foi ao trote por já conhecer a fama. “Acho que a maioria do pessoal de Medicina não foi”, afirma.   Caloura do curso de Terapia Ocupacional, Camila Duarte afirma que não achou o trote agressivo, assim como a maior parte dos calouros que optaram por participar dele. “Foi divertido. Depois da palestra do reitor, saímos da UFTM na posição de elefantinho até o posto, e depois fomos para o estacionamento”, conta.   A UFTM informou que o trote que envolve intimidação física ou moral é repudiado pela instituição, que tem procurado fazer a recepção dos calouros com atividades culturais e sociais, como o Trote Solidário, no qual os alunos saíram pela cidade recolhendo alimentos para doação. Os abusos e maus-tratos a calouros são considerados crime pelos códigos Civil e Penal, segundo a assessoria. “Até o momento a universidade não recebeu nenhuma denúncia com relação a maus-tratos a calouros. Caso receba, serão tomados os devidos encaminhamentos internos no sentido de disciplinar a calourada e coibir os abusos.”