Sindicomércio de Uberaba espera para este ano recorde na contratação de funcionários temporários. Apesar disso, o cenário apresenta dificuldades para os empresários, que enfrentam mercado de trabalho escasso e trabalhadores desinteressados pela atividade, conforme relata o gerente-executivo do sindicato, Thiago Árabe.
Em entrevista ao programa Pingo do J, da Rádio JM, o gerente destacou que o problema também afeta os cargos fixos. Segundo ele, se as vagas disponíveis fossem preenchidas, o desemprego na cidade seria menor do que a média nacional. “Semana passada, passei pela Arthur Machado e devia haver umas cinco ou seis lojas com cartazes de ‘Estamos Contratando’. A expectativa de contratação de temporários é boa, porque há vagas e, normalmente, os salários são melhores no final do ano. Mas o grande problema é encontrar pessoas para ocupar essas vagas temporárias”, afirma.
O gerente atribui essa dificuldade aos benefícios oferecidos pelo governo federal, como o Bolsa Família. Segundo Árabe, o valor recebido tem desestimulado a permanência dos contratados, o que, além de afetar as vendas, gera prejuízos financeiros aos comerciantes.
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“A permanência dos funcionários nas empresas também tem diminuído. O turnover (taxa que mede a rotatividade de funcionários) está cada vez maior. O funcionário é contratado e o empresário arca com os custos da admissão. Em seis ou sete meses, no máximo, ele sai. Aí vem mais uma despesa com a demissão e a necessidade de contratar novamente”, relata.
Thiago aponta que esse comportamento é também um reflexo geracional. As novas gerações têm relação de trabalho diferente das anteriores, marcada por menor tempo de experiência nas empresas. “A gente sabe que essa nova geração não tem orgulho de dizer que ficou 10 anos em uma mesma empresa. Pelo contrário, preferem ter 15 experiências em pouco tempo do que uma experiência em 15 anos”, pontua.
A presidente da Assuper (Associação de Supermercados do Triângulo Mineiro), Juliane Foscarini, relata que o setor supermercadista enfrenta o mesmo desafio, com o agravante dos horários de trabalho. “Os supermercados funcionam em feriados, até tarde da noite, e também aos sábados e domingos. As pessoas não querem trabalhar nesses setores por causa disso. É muito difícil manter o funcionário na loja”, explica.
Ainda segundo Juliane, essa realidade também encarece a mão de obra. “Estamos muito distantes do que já fomos em termos salariais. Antigamente, muitas pessoas começavam suas carreiras em supermercados, seja no setor de embalagens, no caixa ou na reposição. Essas experiências proporcionavam crescimento profissional, especialmente na habilidade de lidar com pessoas. Mas, hoje em dia, poucas pessoas escolhem começar nesse setor”, finaliza.