Prédio do Cseur em Uberaba (Foto/Arquivo/JM)
O índice de reinserção e ressocialização de menores infratores no Centro Socioeducativo de Uberaba (Cseur) é de aproximadamente 85%, o que ilustra, na análise do promotor de Justiça André Tuma, a capacidade de mudança comportamental positiva baseada na educação, trabalho realizado no Centro.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, André Tuma avalia que o jovem, mesmo que tenha cometido um ato infracional, ainda está em desenvolvimento e pode ser abastecido com referências positivas. Ele reforça que não há tratado de impunidade para os atendidos no Cseur, mas é preciso trabalhar a reinserção dos adolescentes por meio da educação.
"Historicamente temos um índice de aproveitamento, de reinserção social, de 80% a 85%. São jovens permeáveis às influências positivas. Compreende-se que o adolescente é uma pessoa em desenvolvimento. Ele sabe perfeitamente a diferença entre o certo e o errado, e por isso é responsabilizado. Mas também precisamos ter a compreensão de que são pessoas em desenvolvimento e que precisam de um tempo diferente. (...) Se o foco da ressocialização no sistema carcerário é o trabalho, no socioeducativo é a educação. O que fazemos é um trabalho de mudança de chave", ponderou o promotor.
Esse trabalho, inclusive, é feito para garantir adesão da população. Ele pontua que não é possível falar sobre reinserção e ressocialização se a comunidade não estiver preparada para receber o adolescente, abrir portas e gerar oportunidades. Somente assim, de fato, podem ser combatidas as reincidências de crimes.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acompanha de perto da situação do Cseur. Em outubro do ano passado, o órgão entrou com uma Ação Civil Pública contra o estado de Minas Gerais e o Instituto Elo por constatar irregularidades no tratamento dos adolescentes. O processo segue em andamento.
Mas, atualmente, não há problemas com denúncias, segundo André Tuma. "No começo houve muito problema porque existia uma mescla de servidores do estado e funcionários do Instituto Elo, o que gera um choque de gestão muito grave. Hoje o quadro é muito trabalho. Não tivemos mais nenhuma notícia de nenhum ato de infração ou transgressão lá dentro", finaliza.