ULTRARREALISTA

Cuidado excessivo com bebês reborn pode ser sinal de alerta, afirma psicóloga

Juliana Corrêa
Publicado em 11/05/2025 às 16:26
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Psicóloga alerta sobre os limites entre o passatempo saudável e o sinal de um sofrimento emocional mais profundo (Foto: Reprodução)

Psicóloga alerta sobre os limites entre o passatempo saudável e o sinal de um sofrimento emocional mais profundo (Foto: Reprodução)

Nos últimos meses, vídeos e fotos de mulheres adultas brincando com bonecas do tipo bebê reborn — bonecos ultrarrealistas com aparência de recém-nascidos — tomaram as redes sociais. Rotinas noturnas, idas ao médico, passeios no parque e até encontros coletivos simulando maternidade real têm chamado a atenção de internautas e especialistas. No entanto, quando a atividade passa a fazer parte da rotina integral da pessoa, pode ser um sinal de alerta. 

A psicóloga Alessandra Salum, em entrevista à Rádio JM, alertou sobre os limites entre o passatempo saudável e o sinal de um sofrimento emocional mais profundo. Segundo Salum, é importante diferenciar quando o uso do bebê reborn é apenas um hobby e quando passa a ocupar um lugar central e idealizado na vida da pessoa. “Se for uma atividade pontual, como quem coleciona selos ou miniaturas, tudo bem. Mas quando se observa mulheres adultas simulando rotinas maternas diárias, com cuidados meticulosos e emocionais voltados para o boneco, é preciso atenção”, afirmou. 

A psicóloga observa que muitas das mulheres envolvidas nessas práticas são de meia-idade e, em diversos casos, carregam frustrações ligadas à maternidade — seja pela impossibilidade de ter filhos biológicos ou por experiências traumáticas nesse campo. “É uma forma de realizar um sonho idealizado, de criar uma maternidade eterna e controlada. Isso pode ser um indicativo de sofrimento emocional que está sendo mascarado”, alertou. 

Ela destaca que, embora esse comportamento não configure diretamente um transtorno diagnosticável — como os descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) —, ele pode representar um afastamento da realidade, o que caracteriza um “flerte com a psicose”. “A mulher passa a viver em função de um bebê que não existe. A dedicação extrema, a rotina fictícia e o abandono do autocuidado podem indicar uma fuga emocional”, completou. 

Outro ponto levantado por Salum é o papel das pessoas próximas, como parceiros, amigos e familiares. “A parceria tem um papel fundamental em trazer essa mulher de volta para a realidade. Muitas vezes, elas estão desleixadas consigo mesmas, mas os bebês estão impecáveis. É preciso ajudar essa pessoa a refletir: quanto tempo isso está consumindo? Que lugar esse hobby ocupa na sua vida?”. 

A psicóloga não descarta que, em alguns casos, o bebê reborn possa ter um uso terapêutico, como ocorre em contextos clínicos para treinar habilidades parentais ou lidar com o luto. No entanto, quando o vínculo ultrapassa o campo simbólico e passa a ocupar o lugar de uma vida real, os riscos emocionais aumentam. “É bonitinho e pode parecer inofensivo, mas se a fantasia se torna mais importante que a realidade, é hora de ligar o sinal de alerta”, concluiu Salum. 

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