Transporte coletivo de Uberaba (Foto/Arquivo JM)
Nos estúdios da Rádio JM, nesta sexta-feira (12), a deputada federal por Minas Gerais Duda Salabert (PDT) apresentou sua proposta de estruturar um sistema único de transporte público, com apoio do governo federal e incentivo à descarbonização. Na visão da parlamentar, o transporte urbano no Brasil está em colapso e o governo federal deve adotar uma postura de apoio e negociações com as prefeituras municipais.
Ex-vereadora de Belo Horizonte, Duda Salabert lembra que, na capital, o transporte público urbano teve redução de quase 30% em relação ao período pré-pandemia. Em paralelo, Uberaba, distante 480 km de BH e em outra região de Minas Gerais, também apresentou queda de mais de 50% no fluxo de usuários. Esse desequilíbrio, inclusive, resultou na liberação de R$ 5 milhões para as empresas da cidade em nova tratativa sobre o aumento da tarifa.
Esse quadro é resultado da maneira ineficiente com que os governos municipais e federal lidam com o transporte no Brasil, na avaliação da deputada federal. “Quando conversamos com os prefeitos dos maiores municípios, há um denominador comum: o sistema de transporte público está colapsando ou colapsou. E com a pandemia, o problema aumentou, porque em capitais como BH, o transporte reduziu em 30%. Aconteceu também aqui e em vários locais. Não podemos deixar o Município refém da ‘máfia’ do transporte público. O governo tem que entrar na conversa, com incentivo à descarbonização e um projeto de mobilidade para todo o país”, pondera Salabert.
Em síntese, a proposta é ampliar o diálogo entre as prefeituras e o governo federal, criar espaços de discussão para soluções em conjunto e não apenas fechados dentro de cada cidade. “O projeto prevê o debate para as cidades não ficarem exclusivamente dependentes dos ônibus, mas criar alternativas sustentáveis financeiramente e ambientalmente”, complementa Duda.
Além disso, é preciso rever a maneira com que as cidades se comportam, tanto na mobilidade urbana, quanto na infraestrutura. Hoje, é comum perceber quilômetros de trânsito irregular em ruas drasticamente disfuncionais. O panorama é nocivo em diversos sentidos e pode ser um preocupante fator de poluição sonora e química nos municípios.
Ela relembra o projeto aprovado e instalado em BH enquanto membro da Câmara de Vereadores que previa uma semana para o fomento da presença de crianças nas ruas, utilizando os espaços públicos, e insiste em mudanças nas logísticas urbanísticas para as cidades serem cada vez mais inclusivas e independentes.
“O Brasil se esquiva de problemas estruturais. Em BH nós fizemos a semana do brincar e de brincadeiras no espaço público. Na época, muitos questionavam: ‘Projeto para criança?’ Estávamos mostrando que brincar é coisa séria. Constrói-se a cidade na perspectiva dos adultos e as crianças são esquecidas. a Criança é um bioindicador de qualidade de vida. Onde tem criança brincando, é um espaço saudável, onde não tem criança brincando, é um espaço doente e precisa ser melhorado. Então é necessário inverter a lógica das cidades. A mobilidade urbana passa pelo direito à cidade. Direito à cidade é cidade para todos. Pensar em uma cidade boa para criança é pensar numa cidade boa para você, para nós. É necessária uma outra lógica, que substitua o ‘carrocentrismo’”, finaliza Duda Salabert.