Cresceu nas últimas semanas o número de relatos de pessoas que optaram pelo procedimento fraudulento
As redes sociais foram tomadas nas últimas semanas por supostos tratamentos de "desintoxicação" das vacinas contra a Covid-19. Essa prática, chamada de "detox vacinal", assim como a falsa "reversão" da vacina, é anunciada como uma forma de eliminar o imunizante do organismo, em novas fake news sobre possíveis reações adversas da aplicação. No entanto, o procedimento é fraudulento e contradiz os órgãos sanitários e de saúde mundiais.
Em alguns lugares, é fácil achar “ebooks” que prometem ensinar um protocolo para eliminar a vacina do organismo usando alguns produtos como carvão ativado, chlorella, chá de funcho, zeólita e entre outros. Mas, como alerta o médico Raelson Batista, em entrevista à Rádio JM, esse suposto tratamento não tem base científica e pode causar complicações aos usuários.
“Isso, cientificamente, não existe. Não há nada que comprove ‘desintoxicação’ de nada. Chegamos ao cúmulo do absurdo de termos profissionais da saúde propagando a utilização de cartões com tarja magnética em que a pessoa pode colocar ondas ionizantes que, em contato com o corpo, promoveriam algum tipo de desintoxicação. Utilização de medicamentos, complexos manipulados, nada disso tem comprovação científica, pelo contrário, muitas dessas substâncias podem ser as causadoras de reações adversas, e de complicações que gerarão a necessidade de maior suporte”, esclarece o especialista.
Raelson Batista tem histórico de serviços prestados à Medicina e à comunidade uberabense (Foto/Arquivo JM)
Ele reforça que a vacinação em massa é uma das principais estratégias para controlar a pandemia e evitar novas variantes do vírus. As vacinas contra a Covid-19 são seguras e eficazes, e foram aprovadas por agências regulatórias em todo o mundo após rigorosos testes clínicos. Elas são a melhor forma de proteger a si mesmo e aos outros contra a doença, reduzindo a gravidade dos sintomas e a transmissão do vírus.
Como explica o Portal Farmacêutico, de divulgação e fomento da ciência no setor farmacêutico, o sistema imunológico humano é capaz de lidar com substâncias estranhas ao organismo, como as vacinas, que são desenvolvidas para estimular uma resposta imunológica sem causar doenças. Depois de aplicadas, o corpo elimina naturalmente os componentes da vacina, não sendo necessário removê-la do organismo, uma vez que não é considerada um agente tóxico.
Raelson Batista também esclarece que não há correlação entre o uso de vacinas contra a Covid-19 e doenças cardiovasculares. O que deve ocorrer, independentemente do uso dos imunizantes ou não, é a procura pelo profissional para exames preventivos. Se a intenção for prevenir patologias, especialistas recomendam que o check up cardiológico comece aos 20 anos. Dos 20 aos 35, os procedimentos podem ser realizados em intervalos de 5 anos, desde que o paciente seja saudável e não tenha fatores de risco para males cardiovasculares.
“Não por causa das doses da vacina. Dependendo da faixa etária, existência ou não de outras doenças e se teve ou não covid, o paciente deve procurar um profissional para uma consulta. Não em função da vacina, mas da necessidade de um acompanhamento cardiovascular”, explica o médico.