Dia do Paleontólogo: por que Uberaba é tão importante para a História?

Sete de março marca o Dia Nacional do Paleontólogo, que celebra o trabalho dos profissionais dedicados ao estudo dos fósseis e à reconstrução da história da vida na Terra. Instituída em 1958, com a criação da Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP), a data reforça a importância dessa ciência. E, em se tratando de relevância cultural e turística, Uberaba se destaca com diversas descobertas e pesquisas na área, consolidando-se como um dos principais polos da paleontologia no Brasil. 

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Em entrevista à Rádio JM, o paleontólogo e idealizador do Geoparque "Terra de Gigantes", Luiz Carlos Ribeiro, conta que a cidade possui 23 pontos de ocorrência paleontológica, sendo considerado o maior sítio paleontológico urbano do país. “O município está em cima de uma formação geológica, chamada 'Formação Uberaba', única no mundo, com depósitos de rios e cinzas vulcânicas. Então, não temos só os fósseis dos animais, temos um contexto geológico”, ressalta. 

Além disso, o município de Uberaba lidera os salvamentos paleontológico, sendo referência nacional nesse aspecto. "É a cidade com maior salvamento paleontológico do Brasil, graças as políticas públicas de geo-conservação adotadas em conjunto. Só perde para o estado inteiro do Rio Grande do Sul", explica o Luiz Carlos. 

Em 2025, Uberaba celebra 80 anos de atividades paleontológicas, marcadas por descobertas importantes. Entre as mais recentes, destaca-se o fóssil de um possível titanossauro, encontrado em novembro de 2023, na BR-050, e enviado ao Museu dos Dinossauros, em Peirópolis.

No mês seguinte, mais de 22 blocos fósseis, com costelas e vértebras do Cretáceo, foram descobertos na mesma rodovia.Neste ano, pesquisadores da UFTM identificaram uma nova espécie de peixe fóssil, Britosteus amarildoi , ampliando o acervo do museu e os estudos da região. 

Como se tornar um paleontólogo? 

No Brasil, não há graduação em paleontologia, por isso a profissão ainda não é regulamentada. Segundo Luiz Carlos, esta pode ser a razão pela qual não há um Conselho Regional para a área até o momento. “A melhor forma de seguir a carreira é se graduar em geologia ou biologia, sendo que o ideal é ter formação nas duas áreas. A biologia estuda os animais e a geologia investiga o contexto de vida e morte desses animais", afirma.  

O paleontólogo conta que, atualmente, a SBP possui 248 membros, sendo 117 pós-graduados e 109 graduados. "Fora esses quase 250 paleontólogos filiados, tem mais uns 200 que não são associados. Em conversa com o presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia, ele acredita que temos cerca de 450 paleontólogos trabalhando no Brasil hoje”, revela. 

Apesar dos desafios, com a recente conquista do título de Geoparque pela Unesco, Uberaba segue forte no desenvolvimento acadêmico e científico. Isso deve abrir novas portas para a formação de profissionais especializados, como destacou Luiz Carlos. 

 "A UFTM já está formando mestres e doutores em Geoparque. Agora em paleontologia pura, ainda não existe. Mas Uberaba está avançando para isso. Eu acho que, no futuro, com o Geoparque, há uma possibilidade de a Universidade estruturar cursos de graduação ao nível de mestrado em paleontologia. Essa área de educação vai crescer e incentivar novos profissionais, já que os fósseis são os principais elementos que nos deu a chancela da Unesco", finaliza o paleontólogo mineiro.