ESTUDOS CLÍNICOS

Efeito platô, riscos e resultados: médica endocrinologista explica sobre canetas para emagrecer

Joanna Prata
Publicado em 29/06/2025 às 15:53
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Medicamentos como Ozempic, Wegovy, Mounjaro e Rybelsus vêm sendo cada vez mais utilizados no combate à obesidade, com resultados expressivos na perda de peso (Foto/Divulgação)

Medicamentos como Ozempic, Wegovy, Mounjaro e Rybelsus vêm sendo cada vez mais utilizados no combate à obesidade, com resultados expressivos na perda de peso (Foto/Divulgação)

Medicamentos como Ozempic, Wegovy, Mounjaro e Rybelsus vêm sendo cada vez mais utilizados no combate à obesidade, com resultados expressivos na perda de peso. Embora tenham sido desenvolvidos inicialmente para o tratamento do diabetes tipo 2, os estudos clínicos revelaram sua eficácia também em pessoas não diabéticas. A endocrinologista Fernanda Magalhães lembra que a obesidade é hoje uma das principais causas do diabetes e que tratar o excesso de gordura pode ajudar a controlar glicose, colesterol, triglicérides, pressão arterial e até reduzir o risco de alguns tipos de câncer.  

De acordo com a médica, pacientes não diabéticos costumam apresentar uma perda de peso maior com esses medicamentos do que os diabéticos, devido à resistência insulínica e à inflamação associadas ao diabetes. No caso do Mounjaro, por exemplo, a perda média de peso é de 15% entre os diabéticos e 23% entre os não diabéticos. Ainda assim, ela destaca que cada caso deve ser avaliado individualmente, com base na composição corporal e nos exames clínicos.  

A especialista reforça que obesidade não se resume ao número que aparece na balança. Pessoas com peso normal, mas com alto índice de gordura corporal, também podem se beneficiar do tratamento. A bioimpedância e a densitometria corporal são exames que ajudam a identificar esses casos. Indivíduos com sobrepeso, pré-diabetes, colesterol alterado ou síndrome metabólica também podem ter indicação para o uso desses medicamentos.  

O tratamento, no entanto, ainda é inacessível para muitos. O Mounjaro, que chegou recentemente ao Brasil, pode custar entre R$ 1.400 e R$ 3.600, dependendo da dosagem. A versão vendida no país é descartável e vem em caixas com quatro canetas, usadas semanalmente. Já o Ozempic e o Wegovy têm a possibilidade de ajuste de dose por cliques. O Rybelsus, comprimido com a mesma substância do Ozempic, está sendo vendido em promoções que incluem uma caixa extra como brinde. Segundo Fernanda Magalhães, todos esses medicamentos agora exigem receita médica controlada, assim como os antibióticos.  

Mesmo com a evolução do tratamento, a médica alerta para a existência de um momento em que o organismo deixa de responder à medicação com a mesma intensidade. Segundo ela, ao perder peso, o corpo entra em um estado de preservação, fazendo com que o apetite aumente e o metabolismo diminua. Isso é conhecido como “efeito platô”, quando, mesmo com o aumento da dose, o paciente deixa de emagrecer. Quando isso ocorre, pode ser necessário trocar de medicamento, desde que com orientação médica.  

Em relação ao uso, Fernanda Magalhães alerta que não adianta apenas aplicar a caneta ou tomar o comprimido sem mudar os hábitos de vida. Esses medicamentos reduzem o apetite e o esvaziamento gástrico, mas a manutenção do peso depende de reeducação alimentar e atividade física. A médica também chama atenção para os efeitos colaterais, como náusea, diarreia ou constipação, que em alguns casos podem levar à suspensão do tratamento. O Mounjaro, segundo ela, tende a provocar sintomas mais leves, por atuar em dois hormônios — um deles, inclusive, com ação que ameniza a náusea.  

A duração do tratamento varia. Pode ser por tempo indeterminado, como no caso do diabetes, ou ajustada conforme a resposta do paciente. Em alguns casos, é possível reduzir a dose ou aumentar o intervalo entre as aplicações para reduzir os custos. Embora os novos medicamentos estejam ampliando as possibilidades de tratamento, a médica não acredita que eles substituam a cirurgia bariátrica, principalmente porque o custo é elevado e não há cobertura dos planos de saúde ou do SUS. A bariátrica, inclusive, ainda é considerada o padrão ouro para obesidade mórbida. 

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