ENTENDA

Em estado de greve, motoristas do transporte coletivo podem parar

Categoria rejeitou proposta em assembleia na semana passada e se prepara para possível paralisação, caso as negociações não avancem

Rafaella Massa
Publicado em 23/09/2024 às 12:00Atualizado em 23/09/2024 às 22:08
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Em 2022, os motoristas se mobilizaram devido a impasses no acordo entre as empresas e os trabalhadores ( )

Em 2022, os motoristas se mobilizaram devido a impasses no acordo entre as empresas e os trabalhadores ( )

Após assembleia na semana passada, trabalhadores do transporte coletivo urbano estão em estado de greve, o que pode avançar para paralisação dos motoristas ainda nesta semana, em Uberaba. No entanto, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintracol), Roberto Alexandre Vieira, negou que a interrupção dos serviços ocorresse nessa segunda-feira (23), como chegou a ser divulgado nas redes sociais. Mas, no fim da tarde, a entidade encaminhou notificação à Prefeitura comunicando a disposição da categoria em paralisar as atividades ainda nesta semana.

Em entrevista ao programa Pingo do J, da Rádio JM, o presidente explicou que a categoria se reuniu em assembleia na quinta-feira (19), quando a proposta patronal foi apresentada à categoria. “Todos rejeitaram a proposta. Estamos providenciando todos os meios legais para informar a população, as empresas, o sindicato patronal, os órgãos competentes e a Prefeitura de Uberaba”, afirmou.

A justificativa para a possível paralisação, segundo Roberto, são as condições de trabalho. De acordo com ele, os motoristas enfrentam jornadas exaustivas e estão sobrecarregados. “Infelizmente, chegamos à conclusão de que não dá mais para aceitar as condições que as empresas oferecem. Infelizmente, isso vai afetar todo o serviço público”, pontuou.

Roberto Alexandre ainda destacou que as negociações vêm ocorrendo desde junho, quando os trabalhadores apresentaram a primeira proposta da campanha salarial. Eles pedem reajuste de 10% de ganho real, além de melhorias nas condições de trabalho. A principal demanda, segundo o presidente do sindicato, é em relação ao intervalo de descanso. Os condutores pedem para o período ser reduzido em pelo menos 30 minutos, para os motoristas chegarem mais cedo em casa.

“O ponto mais crítico é a questão do intervalo, que é de 3h30. O motorista se levanta às 3h da manhã, tem que estar na garagem às 4h, depois fica com esse intervalo todo à disposição das empresas e retorna às 15 horas. Chega em casa às 20h, 20h30, para no dia seguinte acordar novamente às 3 horas. Isso está causando grande desgaste na categoria”, explicou. Ao todo, a jornada de trabalho pode chegar a dez horas por dia.

Até o momento, as empresas ofereceram reajuste de 5,5%, além de 0,5% no pagamento de dezembro, de forma parcelada. Ainda conforme Roberto, os contratantes se recusam a diminuir o período da jornada, sob alegação de que as horas extras são remuneradas.

O presidente também afirmou que as empresas continuam operando com frota reduzida, com 110 ônibus, embora o contrato exija 132 veículos. “A pandemia foi em 2022 e ainda estamos trabalhando com frota reduzida até hoje”, destacou.

Vale ressaltar que, por enquanto, o movimento não impactou no sistema do transporte coletivo urbano.

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