Estudo da UFTM alerta para riscos às reservas de água do Rio Uberaba
Segundo a climatologista Wanda Prata, a quantidade de chuva em Uberaba pode ajudar na recomposição das reservas subterrâneas
Um estudo em desenvolvimento desde 2016, com participação do geólogo José Cláudio Campos, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), lança luz sobre a importância das reservas de água subterrâneas para a manutenção da vazão do rio Uberaba, especialmente em períodos de seca. Apesar do volume expressivo de chuvas registrado desde outubro deste ano, o trabalho científico alerta para o impacto negativo da ocupação inadequada de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e da impermeabilização do solo.
“O que eu venho observando é que as reservas estão cada vez menores; há um processo de impermeabilização do solo, principalmente de ocupação da APP inadequada, fazendo com que haja cada vez uma menor vazão do rio Uberaba em época da estiagem” destaca o pesquisador. Segundo ele, o monitoramento contínuo do aquífero é uma ferramenta crucial para garantir a sustentabilidade hídrica da região.
A climatologista Wanda Prata confirma que Uberaba já ultrapassou a média esperada de chuvas para dezembro. “Estávamos esperando 250 mm, mas já alcançamos quase 310 mm. Isso é muito positivo, pois ajuda a repor as reservas subterrâneas e a elevar o nível dos rios,” explica.
No entanto, a especialista alerta que, com os oceanos aquecidos, o índice de evaporação também está alto, podendo chegar a 10 mm por dia. Esse fenômeno, combinado com as ondas de calor típicas do verão, representa um desafio para o equilíbrio hídrico da região.
Apesar disso, Wanda Prata prevê um verão predominantemente chuvoso para Uberaba, o que pode ajudar a mitigar temporariamente os impactos da última estiagem, que durou seis meses no município. No entanto, ela alerta para a possibilidade de mudanças climáticas inesperadas, como a formação de ciclones, que poderiam alterar o cenário previsto.
As condições atuais, com chuvas acima da média, oferecem uma oportunidade para reflexão e ação: o momento é ideal para adotar medidas que garantam a sustentabilidade hídrica e assegurem o futuro dos recursos naturais da região.