O projeto de lei que prevê o estabelecimento de gorjeta de 20% para garçons no horário entre as 23h e 6h sequer foi aprovado pela Câmara Federal, mas já vem causando polêmica entre empresários, funcionários e consumidores do setor. O pagamento do bônus continua não sendo obrigatório, mas permite aos donos de bares e restaurantes sugerir uma taxa de serviço maior durante a madrugada. A explicação estaria no fato de que, no período estipulado, ou seja, na madrugada, os garçons enfrentam maiores dificuldades de locomoção e ficam mais expostos à violência. Para o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Uberaba, a inclusão da medida na legislação é válida, porém pode ser convertida em inconveniência para os clientes. Segundo o empresário Glauco da Silva Neto, proprietário de bar no bairro Universitário, muitos frequentadores consideram a sugestão de gorjeta como obrigatória. “Ainda há muitas pessoas que, moralmente falando, levam as gorjetas muito a sério e podem ficar até revoltadas com a sugestão de aumento”, afirma. “É muito merecido, mas, se eu perceber que vai atrapalhar a minha clientela, não vou sugerir esse aumento na conta”, completa. Para Juarez Antônio de Sousa, garçom há mais de 15 anos, alternando turnos diurnos e noturnos, a aprovação do projeto não representará impacto significativo em seu rendimento mensal. “Às vezes, as gorjetas chegam a me render R$ 100 por mês, mas percebo que quase todas as pessoas não ligam muito para isso e acabam deixando para a gente o troco da conta ou o que tiverem de moedas na hora”, garante. “Ninguém se preocupa muito com o valor exato”. O projeto já passou pela aprovação da Comissão de Assuntos Sociais do Senado e, agora, aguarda votação da Câmara.