Nesta semana, pais cobraram mais profissionais para atendimento médico no Hospital da Criança. Depois de inúmeras cenas de desespero e a presença da Polícia Militar no local, a indignação dos usuários da instituição diante do episódio provocou um alerta para autoridades públicas.
Queixas se repetem desde o ano passado, especificamente no mês de março. Coincidência ou não, o raciocínio da presidente do Hospital da Criança, Maria Rita Carniel de Melo é usado para esclarecer o problema. De acordo com Maria Rita, o período eleva o número de casos diagnosticados com dificuldades respiratórios por conta do excesso de umidade. A instituição divulgou nos últimos dias, nota oficial alertando possíveis transtornos.
Outra explicação está na sobrecarga no Pronto Atendimento do Hospital.
No domingo durante o plantão 24 horas, 280 crianças foram atendidas pelo SUS. A presidente ressaltou que a demanda é alta para que apenas quatro pediatras desempenhem o serviço. Segundo Maria Rita, ou as pessoas estão deixando de procurar as Unidades Básicas de Saúde, ou as UBS não atendem as necessidades pediátricas.
Diante das reclamações, Maria Rita negou que apenas um médico estivesse atuando, e lembrou que o corpo clínico aumentou em comparação com ano passado. Mesmo assim, ela confirmou o déficit na equipe, revelando que para suprir a demanda atual, seria preciso mais três plantonistas.
Segundo a administradora, o Hospital Filantrópico foi criado para dar suporte ao atendimento pediátrico da cidade, mas acabou se tornando responsável pela pediatria de toda comunidade. Mantido por doações, nem sempre a casa de saúde consegue finalizar pendências. “Estamos pagando para trabalhar para o SUS, porque o reembolso que tem é pequeno e o Hospital tem de completar”, pontuou.
Auxílio ofertado pela Prefeitura de 90 plantões é insuficiente, considerado pouco, diante do número de pacientes que procuram pelo atendimento. A despesa de quase R$ 300 mil por mês é suprida com dificuldade, já que a verba municipal ofertada é de R$ 45 mil e o montante do SUS não ultrapassa R$ 137 mil.
Levantada a discussão sobre a possível falta de profissionais nas Unidades Básicas de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) rechaçou a falta de pediatras para atendimento dentro da zona urbana. A explicação da Secretaria garante que o quadro de profissionais está organizado conforme demanda em cada setor.
A diretora do departamento de Atenção Básica, Elaine Telles,
ponderou que todas as UBS’s tem a presença do médico do Programa Saúde da Família (PSF) o profissional tem competência para atender crianças, gestantes e idosos. Mas, se o pediatra não estiver naquele dia, o usuário tem o atendimento do clínico. Caso contrário, pode ser encaminhado para uma Unidade de Referência mais próxima do bairro. A diretora argumentou, ainda, que a maioria dos pacientes não entendem o sistema de triagem feito. De acordo com ela, a enfermeira responsável avalia os casos orientando quais podem aguardar a consulta para o dia seguinte, quais precisam ser atendidos de imediato e os que necessitam de encaminhamento para a Unidade de Pronto Atendimento. "Às vezes, a profissional explica que o quadro pode esperar uma consulta para o dia seguinte, mas as pessoas assumem que não têm médico e correm para os hospitais", finalizou. (JR)