ANÁLISE

Imóveis protegidos não são culpados pelo vazio do centro de Uberaba, diz pesquisador

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 15/09/2023 às 11:21
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O centro de Uberaba tem sido objeto de discussões acaloradas nos últimos meses, principalmente com relação à preservação do patrimônio histórico. Parte dos envolvidos culpa os imóveis segurados pela decadência da região central da cidade. Mas, para Leonardo José Silveira, coordenador do Observatório Urbano, essa é uma narrativa inconsistente.

Uma das alegações frequentes é que as restrições impostas pela legislação de patrimônio histórico estariam prejudicando a revitalização do centro de Uberaba, bem como a modernização do comércio local. Na visão do coordenador, em entrevista à Rádio JM, a lei de patrimônio em Uberaba é, na verdade, muito flexível. A maioria das restrições se concentra na preservação das fachadas dos edifícios históricos, sem maiores prejuízos para a formulação de novos projetos.

"Falam que a lei atrasa o centro, mas não tem nada a ver. A grande parte dos imóveis da região não tem proteção. O pouco que é protegido, está em uso. A maioria do que está fechado hoje é comum, são imóveis recentes", pondera. Estudos publicados pelo Observatório em 2019 apontam que o centro de Uberaba possui 808 imóveis, dos quais 150 estão vazios. Porém, deste número, apenas 17 são inventariados -- os outros 133, segundo o grupo, não estão protegidos. 

No âmbito do mercado, Leonardo Silveira enfatiza que, em suas pesquisas, observou que a dinâmica comercial está intrinsecamente ligada ao fluxo de pessoas. Quando esse fluxo é interrompido, o comércio sofre. "Temos essa mudança preocupante de moradores da área central. Do último censo para cá, em dados que estamos apurando, o centro de Uberaba perdeu mais de 5 mil habitantes. Logicamente, isso vai ter impacto na dinâmica como um todo", expõe.

Ele avalia que aluguéis caros, como são os da região central, podem afastar as pessoas, levando-as a buscar alternativas mais econômicas em outras partes da cidade. Além disso, muitos proprietários exploram o aluguel de seus imóveis, mas não investem na manutenção adequada, contribuindo para a deterioração de alguns edifícios, em um processo de especulação imobiliária.

"Outro fator que acelerou a deterioração do centro foi a retirada dali de diversos equipamentos públicos de cultura e serviços que ali eram localizados, como os cinemas Metrópole e São Luiz, o Jockey Club, o Fórum da cidade e os hospitais São Paulo e São José. Houve também um envelhecimento do comércio local, que não atende mais aos novos padrões de consumo, concorrendo com os shopping centers e o comércio online", traz o Observatório no estudo publicado. 

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