(Foto/Reprodução)
Interditada por tempo indeterminado desde o início de fevereiro, a ponte de ferro sobre o rio Grande, entre Delta (MG) e Igarapava (SP), segue envolta em incertezas sobre sua integridade estrutural. Após a identificação de novas fissuras, a travessia foi fechada a pedido da Defesa Civil de Delta, com aval do Ministério Público Federal (MPF), que determinou nova vistoria técnica e a apresentação de um cronograma de obras emergenciais por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Até o momento, não há definição sobre o início das intervenções.
Apesar de uma liberação inicial, após análise das Defesas Civis dos dois municípios, uma reavaliação confirmou o comprometimento da estrutura, o que levou à interrupção total do tráfego de veículos e pedestres. Um laudo técnico da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) apontou graves desgastes, como degradação do pavimento, corrosão de partes metálicas e falhas nos guarda-corpos. Diante disso, o MPF ingressou com ação civil pública, e a Justiça Federal determinou nova inspeção emergencial, além de exigir melhorias como sinalização e iluminação noturna.
A atual interdição não é a primeira registrada. Em 2019, a ponte foi fechada preventivamente por um buraco que se formou na pista e devido de rachaduras na estrutura, com necessidade de reparos nos vãos metálicos. Mesmo diante desses alertas recorrentes, ações efetivas de manutenção foram adiadas ou realizadas de forma paliativa. Laudos de universidades federais e relatórios de órgãos públicos vêm apontando, há anos, o risco de colapso parcial ou total da estrutura. O MPF já havia cobrado providências anteriormente, mas os impasses sobre a responsabilidade pela conservação — se federal, estadual ou municipal — dificultaram avanços concretos.
Símbolo de guerra e progresso
A estrutura, que completa 110 anos em 2025, é popularmente citada como Ponte da Revolução. A estrutura, que originalmente servia ao ramal da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro (CMEF), ganhou esse apelido devido aos confrontos da Revolução Constitucionalista de 1932, quando militares paulistas e mineiros travaram intensos combates na passagem. Marcas de tiros ainda são visíveis nos vãos metálicos da ponte, que foi inaugurada em abril de 1915.
Projetada originalmente para o transporte ferroviário, a ponte passou a ser usada por veículos após a desativação da ferrovia, nos anos 1970, e funcionava como rota alternativa entre os dois estados até a interdição.