Psicoterapia em grupo (Foto/Ilustrativa)
Mais de 90% dos homens têm recusado a psicoterapia em grupo no Ambulatório de Saúde Mental. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o gerente do Instituto Maria Modesto, Sérgio Marçal, ressaltou que a psicoterapia em grupo é uma das mais importantes dentro do serviço, mas a resistência masculina impede o bom desenvolvimento da atividade. Em atividade há quase três meses, o trabalho no Ambulatório tem o objetivo desafogar a fila eletrônica de saúde mental em Uberaba.
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De acordo com Sergio Marçal, durante a primeira consulta no ambulatório, o atendimento é individual, e na segunda consulta, os pacientes são convidados a participar de psicoterapia em grupo. No entanto, a resistência por parte dos homens é expressiva. "A resposta ao convite geralmente é 'por que eu deveria falar dos meus problemas com os outros?’. Toda a equipe tem se empenhado em sensibilizar os pacientes mais resistentes, de modo que compreendam a importância do tratamento em grupo", disse.
O psicólogo destacou que a resistência é um mecanismo de defesa. “A pessoa não quer abordar o assunto e fica adiando. As terapias em grupo são essenciais, pois os pacientes percebem que as situações que enfrentam são muito mais comuns do que imaginam, presentes na vida de todos nós. Elas não são exclusivas de um indivíduo. No grupo, aprendemos a lidar com nosso próprio sofrimento e podemos adotar as estratégias que deram certo para os outros", explicou Sérgio Marçal.
Em uma reunião interna, discutiu-se a possibilidade de a resistência estar relacionada a uma questão cultural. “As mulheres possuem uma cultura de cuidado ao longo de suas vidas, o que é evidente, principalmente, em relação a exames preventivos anuais. Os homens tendem a ser mais resistentes. Essa resistência acaba sendo prejudicial para o curso do tratamento e para o próprio progresso da doença”, comentou Marçal.
Ele também enfatizou que a medicação por si só não resolve o problema. "Não é suficiente apenas tomar um medicamento se a causa dos sintomas não for tratada. Se o paciente não consegue lidar com essas causas, há uma tendência de dependência da medicação e de não resolver completamente o problema. Assim, o paciente pode controlar os sintomas, mas não os solucionar", ressaltou o psicólogo.
O trabalho no Ambulatório de Saúde Mental foi iniciado em março de 2023 por meio de um convênio entre a Secretaria Municipal de Saúde e o Instituto Maria Modesto, da Sociedade Educacional Uberabense/Uniube. O objetivo é desafogar a fila eletrônica de saúde mental, que em dezembro de 2022 registrava cerca de 4 mil pessoas à espera de atendimento. A equipe é composta por dois médicos supervisores, seis médicos residentes, além de equipe multiprofissional, com psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais.