A ideia é que o IMM deixe de ser reconhecido exclusivamente como hospital psiquiátrico e passe a operar como um espaço multifuncional (Foto/Reprodução)
Instituto Maria Modesto (IMM) deve passar por reformulação no atendimento, para ser multidisciplinar para pacientes em tratamento da saúde mental. A informação é do diretor administrativo das unidades de saúde da Sociedade Educacional Uberabense, Frederico Ramos, em entrevista ao JM News, da Rádio JM. Segundo Ramos, o foco está voltado não apenas para pacientes em surto psiquiátrico, mas também para aqueles que necessitam de atendimento clínico, além da implantação de um modelo voltado à reabilitação de longa permanência.
O diretor explica que a ideia é que o IMM deixe de ser reconhecido exclusivamente como hospital psiquiátrico e passe a operar como um espaço multifuncional. “Hoje, já atendemos pacientes em surto, mas muitos deles também apresentam outras demandas clínicas que não exigem internação em hospitais gerais. A ideia é que o Maria Modesto possa absorver esse perfil, desafogando leitos de hospitais como Mário Palmério e Regional”, explicou.
A proposta está em fase de tratativas com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e com o Governo de Minas, e poderá representar uma solução estratégica para os gargalos assistenciais da macrorregião. A iniciativa envolve a transformação dos 50 leitos atualmente contratualizados com o município em leitos voltados à saúde mental, permitindo o atendimento de pacientes psiquiátricos com necessidades clínicas diversas.
Outro ponto destacado por Ramos foi a possibilidade de o IMM ser incluído em um modelo assistencial voltado à reabilitação de pacientes de longa permanência, inspirado em experiências implantadas em hospitais de Barbacena e Juiz de Fora. “Estamos conversando com o Governo do Estado para habilitar o Instituto como um hospital voltado à reabilitação para pacientes que, por exemplo, passaram por neurocirurgias e necessitam de um tempo de internação para receberem cuidados antes de receberem alta”, disse.
Segundo ele, a proposta, cogitada desde 2024, prevê que esses pacientes possam ser acompanhados por uma equipe multiprofissional, com assistência humanizada e foco na recuperação funcional, o que também contribuiria para liberar leitos de alta complexidade nos hospitais de referência. “É um modelo que provavelmente vamos conseguir implementar aqui e que vai ajudar no custeio do IMM e manter o instituto funcionando”, completou.
Contrato atualizado
A mais recente renovação de contrato entre a SEU e o município fixou em 50 o número de leitos previstos para internação, um ajuste necessário, de acordo com Ramos, frente à realidade de ocupação da unidade e ao valor repassado, que permanece aquém do custo operacional. O IMM possui capacidade física para 105 leitos, mas vinha atendendo uma média diária de 40 pacientes.
“O contrato anterior não especificava o número de leitos, apenas o volume de atendimentos. Com a nova redação, há mais segurança jurídica para ambas as partes. A mudança também possibilitou a abertura de seis leitos pediátricos, ocupando uma ala que estava ociosa”, explicou o gestor ao JM.
Apesar da ampliação nos serviços — com a manutenção dos atendimentos ambulatoriais, presença da telemedicina e agora com a inclusão da pediatria —, não houve aumento no repasse de recursos. “Estamos trabalhando para manter a qualidade do atendimento mesmo com limitações financeiras. Seguimos em diálogo com os entes públicos para buscar soluções viáveis”, concluiu.
Enquanto aguarda a viabilização dos novos modelos assistenciais junto aos órgãos gestores, o Instituto Maria Modesto segue como um elo essencial na rede de saúde mental da região, com a proposta de se tornar ainda mais completo e resolutivo frente às necessidades da população.