Estudo realizado por docentes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) analisa a qualidade do ar em Uberaba. Segundo a pesquisa, a cidade possui de 38 a 40 microgramas de material particulado por metro cúbico, valor que representa 89% do limite considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
As professoras Ana Paula Senhuk e Beatriz Silvério informam que o trabalho começou em 2022 e foi desenvolvido a partir do zero. “Não é um trabalho fácil, pois tínhamos poucos recursos no início. Optamos por começar dentro da universidade, em uma região próxima, que é até mais limpa, na Univerdecidade. É uma região mais tranquila”, relatou Ana Paula.
Desde 2022, o estudo identificou entre 38 e 40 microgramas por metro cúbico de material particulado, ou seja, poeira, fuligem no ar. Ana Paula explica que, dentro dos limites nacionais, o valor é considerado baixo, mas ressalta que os parâmetros nacionais não são atualizados desde 2018, ainda assim estabelecendo metas para estados.
“Nossos limites nacionais estão em 120 microgramas por metro cúbico. Pelo padrão nacional, é pouco, mas esses padrões são da década de 90 e atualizados em 2018 com as metas estaduais, que são mais baixas. A OMS diz que o limite seguro para a saúde seria até 45 microgramas. Isso não significa que o brasileiro é mais forte, mas que nosso padrão é mais permissivo devido à sua antiguidade”, explica Ana Paula.
Beatriz Silvério esclarece que esses valores se referem aos materiais particulados respiráveis, uma vez que parte do material particulado não entra nas vias aéreas.
As professoras também identificam os locais com maior emissão de material particulado em Uberaba. “No Centro, há maior emissão veicular; próximo aos distritos, que têm controle por lei e filtros nas chaminés; perto das rodovias, devido ao trânsito intenso, e nas áreas próximas à zona rural, onde ocorrem queimadas”, detalha Ana Paula.
Beatriz destaca que as queimadas são uma das maiores fontes emissoras de partículas no ar, além dos veículos, principalmente os movidos a diesel. “Quanto mais veículos, mais poluição. A ressuspensão do solo também é importante, mas notamos que as concentrações de partículas aumentam significativamente durante as épocas de queimada e em locais com tráfego intenso de veículos, especialmente os a diesel”, analisa Beatriz.
A quantidade de CO2 é medida por estações automáticas, geralmente operadas por empresas particulares, devido ao licenciamento ambiental. Os dados são compartilhados com a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), responsável por tratar e divulgar a qualidade do ar. “Em Uberaba, não há estações automáticas. Na verdade, em Minas Gerais existem pouquíssimas. O estado não realiza o monitoramento da qualidade do ar por parte do governo”, conclui Ana Paula.