TRATAMENTO

Pesquisadora da UFTM desenvolve vacina para combater o câncer

Rafaella Massa
Publicado em 01/02/2024 às 11:57
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A esperança de Michelin é que, comprovando a eficácia do tratamento, seja garantida a possibilidade de pesquisa em pacientes nos estágios iniciais (Foto/Divulgação JM)

A esperança de Michelin é que, comprovando a eficácia do tratamento, seja garantida a possibilidade de pesquisa em pacientes nos estágios iniciais (Foto/Divulgação JM)

Que Uberaba é um polo para tratamento de câncer, isso é de conhecimento comum. Porém, em alguns anos, a cidade também pode ganhar ainda mais notoriedade no tema devido a uma vacina com o objetivo de aniquilar tumores cancerígenos. Em entrevista à Rádio JM, a pesquisadora Márcia Michelin, que trabalha pela UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) explicou sobre o funcionamento do imunizante e quais as perspectivas para os pacientes com câncer.  

O tratamento tem como objetivo reforçar as células imunológicas dos pacientes. Atualmente, participam da pesquisa aqueles que já esgotaram as possibilidades de tratamento por quimioterapia, radioterapia e cirurgias. O nome dado para o tratamento é imunoterapia autóloga, ou seja, feita a partir de material do próprio paciente. 

“Nós temos projetos de pesquisa desde fazendo uso experimental, que nós chamamos com o camundongos. Isso, tudo dentro da ética prevista nos comitês de ética locais e nacionais. E nós também temos alguns projetos de pesquisa em que o Comité de ética em pesquisa em humanas nos autoriza a fazer o tratamento em pacientes cujas terapias convencionais já se esgotaram”, explica Márcia. 

A pesquisa já tem cerca de 21 anos tem gerado bons resultados já nos pacientes em fase terminal, conforme a pesquisadora. A esperança de Michelin é que, comprovando a eficácia do tratamento, seja garantida a possibilidade de pesquisa em pacientes nos estágios iniciais.  "Muitos dos pacientes que os médicos me encaminham possuem perspectiva de dois a três meses de sobrevida. Nós já tivemos pacientes que desses dois, três meses, a gente conseguiu, com uma ótima qualidade de vida, porque a vacina, até então, não tem nenhum efeito colateral, esses pacientes já estão com a gente há um ano, um ano e meio, dois anos”, relata. 

De acordo com a pesquisadora, a vacina não trata apenas o tumor, como também as metástases, considerada a maior causa de morte pelo câncer, não em experimental. "Eu já tenho alguns dados novos mostrando que, a metástase hepática, pulmonar, no sistema nervoso central, a gente consegue reduzir muito utilizando essa imunoterapia”, analisa. 

Mas como funciona?  

O tratamento quimioterápico, além de atingir as células tumorais, atinge também as células de resposta imune, que são muito sensíveis à quimioterapia, explica Márcio Michelin. "Esses pacientes têm uma linfopenia, ou seja, uma redução de linfócitos logo após o uso da quimioterapia. Justamente porque os quimioterápicos são tóxicos não só para sala tumoral, mas também para células da resposta imune, as células de defesa. A terapia que a gente desenvolve, a ideia é justamente ativar essas células, fazer com que elas vão até o tumor para destruir. Então, se eu não tenho essas células no paciente, com o uso da quimioterapia, eu não consigo fazer essa ativação”, explica. 

A ativação é feita com células do próprio paciente. Segundo Márcia, é feita a colheita de sangue do paciente dentro do laboratório de pesquisa. É feito o reforço de um tipo de célula específica do sistema imune e depois de algum tempo, é colocado em contacto com o antígeno do tumor do paciente. “Uma biópsia autóloga também é feita, é como se eu dissesse para ela, ‘Olha, está vendo esse tumorzinho aqui? É isso daqui que você tem que ativar e destruir’. E aí, a gente reinfunde essas células no paciente, por via subi cutânea mesmo, para que essa célula muito mais potente, já com o alvo determinado, possa ativar todo o sistema de defesa contra o tumor”, exemplifica. 

A perspectiva é que o projeto seja desenvolvido em mais 20 anos, dependendo do resultado. "Você transportar um resultado da bancada de pesquisa até um resultado final para a população é um caminho um pouco longo. Mas, por exemplo, eu já tenho alguns projetos em colaboração com o Ministério da Saúde, porque o objetivo é pegar essa tecnologia desenvolvida, passar para o Ministério da Saúde para que o Ministério tenha o domínio disso e possa aplicar a rede pública. Porque também, não tem sentido nós desenvolvermos uma tecnologia que não possa ter acesso à população”, finaliza

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