DOR DE CABEÇA

Poucas confirmações de dengue são preocupantes, diz infectologista

Sintomas que levam ao registro de caso provável e que posteriormente não se confirma é sinal de que outro tipo de arbovirose, sem identificação, esteja circulando

Rafaella Massa
Publicado em 22/02/2024 às 20:19Atualizado em 23/02/2024 às 07:33
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A médica Cristina Hueb Barata diz que a baixa confirmação de casos de dengue tem gerado preocupação em infectologistas (Foto/Arquivo JM)

A alta notificação de casos suspeitos e baixa confirmação dos casos de dengue em Uberaba tem deixado infectologistas preocupados. Segundo a especialista Cristina Barata, este pode ser um sinal de que outro tipo de arbovirose esteja em circulação na cidade sem a devida identificação. 

Em entrevista à Rádio JM, a infectologista pontuou que, historicamente, este período sempre registrou aumento no número de notificações de dengue. No ano passado, a cidade contabilizou mais de 4,5 mil casos de dengue. Cristina manifesta preocupação com o baixo número de casos confirmados para a doença, apesar da elevada quantidade de prováveis, conforme as notificações. 

“Essa é a época de realmente aumentar o número de casos da dengue e a gente, apesar de que Uberaba viveu um período entre outubro e novembro de maior número de casos confirmados do que a gente vive agora em janeiro. Mas em janeiro, houve muitas notificações de casos prováveis e pouquíssimos confirmados, o que nos deixa um pouco apreensivos se realmente é dengue que está circulando ou se a gente está tendo outro tipo de arbovirose que possa estar circulando em conjunto, como chikungunya e zika”, analisa. 

Cristina Barata aponta que Uberaba tem grande predomínio do sorotipo 1 da dengue (DENV-1). Além deste, a dengue conta com outros três sorotipos (DENV-2, DENV-3 e DEN-V 4) que circulam pelas Américas e, em alguns casos, simultaneamente, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). De acordo com a Opas, a infecção com um sorotipo seguida por outra infecção com sorotipo diferente aumenta o risco de dengue grave e até morte.

Cristina aponta que, atualmente, a predominância do sorotipo 2 tem aumentado na cidade, além da ameaça da volta do sorotipo 3, que há mais de 15 anos não é detectado em Uberaba. “A gente tem quatro sorotipos. Cada um tem de cinco a seis genótipos, ou seja, eles são subdivididos e um ou outro tem uma apresentação mais peculiar. Um dá muita febre; o outro dá muita diarreia e vômito; o outro cai muito as plaquetas. Então, essas diferenças são às vezes relacionadas ao genótipo. O grande temor era ser o genótipo 2, que entrou perto de Goiânia, que é o que a gente chama de Cosmopolita, ele é o mais patogênico, mais agressivo”, afirma. 

A infectologista aponta que a cada infecção, o sistema imunológico guarda uma memória. “Não crio imunidade, eu só fico imune depois que eu tiver os quatro sorotipos. E é muito diferente a reexposição, tem pessoas que não sentem absolutamente nada. Agora, tem pessoas que podem ter o agravamento. Porque você tem uma memória do sorotipo anterior e a resposta vai ser mais acentuada para tentar controlar a infecção”, esclarece.

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