ZOONOSES

Problemas com escorpiões em casa? Veneno não é a solução; entenda

Chefe do Departamento de Zoonoses, Luiz Pinheiro explica que o manejo ambiental é mais efetivo, simples e prático

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 18/10/2023 às 11:31
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O escorpião amarelo é um aracnídeo, não um inseto, o que já diferencia o tratamento em casos de encontro (Foto/Emanuel Marques da Silva/Divisão de Zoonoses e Intoxicações da SESA)

Em Uberaba, a presença de escorpiões amarelos tem sido motivo de preocupação para muitos moradores. Quando as pessoas se deparam com esses aracnídeos dentro de suas casas, a primeira reação é buscar algum tipo de veneno ou controle químico. No entanto, segundo o chefe do Departamento de Zoonoses, Luiz Gustavo Pinheiro, essa não é a solução, e pode até intensificar o problema.

Pinheiro enfatiza que existem diretrizes do Ministério da Saúde que devem ser seguidas para um controle adequado. Primeiramente, é importante entender que os escorpiões amarelos não são insetos, mas sim aracnídeos. Eles são atraídos por locais escuros e úmidos, sendo uma adaptação ao ambiente urbano decorrente da degradação da Mata Atlântica. A espécie não possui machos; em vez disso, reproduz-se através da autofecundação, resultando em até 20 filhotes. Esse ciclo reprodutivo torna a população de escorpiões mais desafiadora de controlar.

"Os escorpiões amarelos são encontrados nas redes de esgoto, entulhos, ambientes ideais para abrigo. Muitos moradores criam essas condições favoráveis ao manterem plantas com pratinhos, fiações de madeira e outros locais úmidos. Além disso, as redes de esgoto frequentemente abrigam as baratas, principal fonte de alimento dos escorpiões. Portanto, o controle desses aracnídeos vai além de simplesmente aplicar veneno no ralo", esclarece Luiz.

Quando empresas de dedetização são acionadas para combater insetos, os produtos químicos aplicados geralmente formam uma película que perdura por cerca de três meses. Isso é eficaz para insetos, como baratas, que entram em contato com a substância e morrem. No entanto, escorpiões têm pelos sensitivos que lhes permitem detectar substâncias químicas, permitindo que eles evitem o veneno. 

Alinhado a isso, estudos científicos indicam que o controle químico não é eficaz na solução do problema dos escorpiões. É aí que entra o papel do Departamento de Zoonoses de Uberaba, que busca abordagens de manejo ambiental em vez de soluções baseadas em veneno. Pinheiro explica que é fundamental identificar e corrigir as falhas nas estruturas das casas, uma vez que os escorpiões não aparecem do nada. Eles entram nas residências por falhas, como ralos abertos, sistemas de esgoto mal vedados, dispensers de máquinas de lavar, redes elétricas expostas e tomadas desprotegidas.

"Nós temos que encontrar de onde o animal veio. Ele não se teletransporta. Ele precisa ter um espaço para entrar na residência. Por isso nós vamos, identificamos esses locais, orientamos os moradores e passamos os protocolos. Em 70% dos casos, os escorpiões entram pela rede de esgoto, ralo do banheiro, dispenser na máquina de lavar, tomadas abertas... coisas que podem ser resolvidas", indica o chefe da Zoonoses.

Os escorpiões nadam na água e, de acordo com Pinheiro, muitas vezes são encontrados no ralo sanitário, mas não conseguem subir por ele. As redes de esgoto são interconectadas entre as casas, permitindo que os escorpiões se movam de um local para outro. Portanto, quando uma empresa é contratada para controlar pragas, como baratas, sem medidas preventivas adequadas, os escorpiões podem sair do local em que estão, aumentando o problema e levando apra outras regiões.

A solução, portanto, não é simplesmente recorrer ao uso de veneno, mas sim tomar medidas preventivas, como vedar ralos e cuidar do espaço, especialmente da rede de esgoto e das áreas comuns dos prédios. O Departamento de Zoonoses de Uberaba está disponível para auxiliar os moradores na identificação das áreas problemáticas e na adoção de soluções eficazes e mais amigáveis ao meio ambiente.

"A gente tem que desconstruir essa ideia do veneno. Veneno é somente a última opção. Muitas vezes o animal, que é inteligente, fica escondido dentro de fendas, onde o veneno não alcança, e continua vivo, se proliferando. Nós não ficamos livres das baratas até hoje porque o problema não é matar uma ou outra, e sim evitar que entrem em nossas casas. Geralmente a solução é uma massa de cimento, colas de silicone, fechar uma fenda aberta, coisas simples. O veneno acaba por desequilibrar o meio ambiente e não resolve o problema por inteiro", finalizou Luiz Pinheiro.

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