"EFEITO COQUETEL"

Relatório inclui Uberaba entre cidades com presença de agrotóxico na água consumida

Segundo o Ministério da Saúde, os níveis estão dentro do permitido e não foi confirmado risco à saúde

Tito Teixeira
Publicado em 17/10/2023 às 17:50Atualizado em 17/10/2023 às 21:14
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Vale destacar que a simples presença de agrotóxicos na água não necessariamente acarreta problemas de saúde, no entendimento do Ministério da Saúde (Foto/Reprodução)

Vale destacar que a simples presença de agrotóxicos na água não necessariamente acarreta problemas de saúde, no entendimento do Ministério da Saúde (Foto/Reprodução)

Uberaba aparece em uma lista de cidades onde 27 tipos de agrotóxicos foram detectados na água consumida. Chamada de "efeito coquetel", a mistura entre substâncias preocupa especialistas. As informações são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, com testes feitos em 2022.

De acordo com a Sisagua foram realizadas 665 análises nas amostras recolhidas em Uberaba. A maioria dos exames identificou uma concentração dentro do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde para cada tipo de substância isoladamente. Ou seja, a simples presença de cada agrotóxico em uma amostra não necessariamente acarreta problemas para a saúde.

No entanto, a regulação brasileira não leva em conta os riscos da interação entre os diferentes tipos de pesticidas. É justamente a mistura de substâncias o que preocupa especialistas. As detecções ocorreram em amostras de água de diferentes redes de abastecimento dentro dos municípios.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que a “exposição aos agrotóxicos é um problema de saúde pública prioritário na agenda do Ministério da Saúde. Para reduzir a exposição a agrotóxicos, considerando todas as vias de exposição, é imprescindível que as políticas públicas dos diversos setores envolvidos, tais como saúde, meio ambiente, recursos hídricos, saneamento, agricultura, indústria, trabalho, entre outros, estejam alinhadas à prevenção de riscos à saúde da população”.

Ainda na nota, o ministério diz que a “organização dos serviços de vigilância da qualidade da água prevê uma cadeia de atuação complementar e suplementar entre os atores envolvidos. Dessa forma, as ações do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua) são desenvolvidas pelas Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e pelo Ministério da Saúde, conforme os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

O Ministério da Saúde disse que, ao encontrar valores acima do padrão ou até mesmo a presença constante das substâncias na água de algum sistema ou solução alternativa de abastecimento, sugere-se às vigilâncias locais e estaduais que sejam tomadas medidas com vistas à prevenção de risco à saúde.

Além de Uberaba, também foram encontrados agrotóxicos em amostras de água nas cidades mineiras de Alvinópolis, Araújos, Campo Belo, Carmópolis de Minas, Contagem, Itaguara, Jacutinga, Japaraíba, Marliéria, Nepomuceno, Oliveira, Ouro Preto, Paraguaçu, Paraisópolis, Paulistas, Poços de Caldas, São João Del Rei, São José da Varginha, São Lourenço, Sete Lagoas, Três Pontas e Tupaciguara.

Ainda conforme o Sisagua, os dados foram cruzados a partir de informações de 2022 publicadas no Painel do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano do Ministério da Saúde.

A reportagem do Jornal da Manhã acionou a Codau por e-mail para comentar o assunto. Confira a resposta, na íntegra:

A Companhia Operacional de Desenvolvimento, Saneamento e Ações Urbanas informa que todos os parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde, Portaria GM/MS Nº 888/2021 (que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade) são atendidos pela Companhia. A portaria define os limites máximos permitidos para compostos orgânicos, inorgânicos e microbiológicos.
Em 2022, considerando todos os sistemas operacionais de abastecimento de água como Centros de Reservação, poços artesianos em bairros rurais, Estações de Tratamento de Água (Uberaba e Ponte Alta), saídas do tratamento e sistema de distribuição foram realizadas um total de 112.198 análises de cor aparente, turbidez, cloro residual livre, pH, Coliformes totais e escherichia-coli.
Além dessas análises, é realizado o monitoramento da qualidade da água bruta, tratada e distribuída de cada Sistema de Abastecimento por um laboratório terceirizado que possui acreditação. Ele realiza o monitoramento para clorofila-a; padrão de potabilidade para subprodutos da desinfecção que representam risco à saúde; cianobactérias, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), turbidez, cor verdadeira, ph, fósforo total, nitrogênio amoniacal total, parâmetros inorgânicos, orgânicos, condutividade elétrica, atividade alfa total e beta total, agrotóxicos e metabólitos que representam risco à saúde e organolépticos.
São verificações sistemáticas diárias, semanais, mensais, trimestrais e semestrais de acordo com a exigência do MS para cada parâmetro.
Nos últimos 3 anos não foram detectados nenhum dos 40 parâmetros de agrotóxicos listado na portaria GM/MS nº 888/2021, ou seja, todas as análises apresentaram resultados menores que o limite de detecção.
Os resultados são enviados para o órgão de controle da qualidade, a Secretaria Municipal de Saúde/Vigilância Ambiental em Saúde, setor que alimenta o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para o Consumo Humano - Siságua/ Ministério da Saúde.
A Codau reafirma que não há indicador de qualidade fora dos padrões de potabilidade e a Companhia preza pela manutenção dos altos níveis de excelência do tratamento de água em Uberaba.
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