CIDADE

Saúde culpa pandemia e inconsistências de sistemas por baixo desempenho no Previne Brasil

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 09/06/2022 às 10:39Atualizado em 18/12/2022 às 20:18
Compartilhar

Uberaba não consegue manter compatibilidade com o sistema do Ministério da Saúde (MS) e desmembrou equipes da Atenção Básica para atendimento da pandemia e do processo de vacinação. São as justificativas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para o baixo desempenho no programa “Previne Brasil”, que mensura a qualidade dos serviços assistenciais disponibilizados pelos municípios. No primeiro quadrimestre de 2022, Uberaba ficou em 700ª no ranking estadual.

De acordo com o secretário de Saúde Sétimo Bóscolo, em entrevista à Rádio JM nesta quinta-feira (9), o momento de criação do programa coincidiu com a chegada da pandemia, onde os esforços da SMS foram concentrados no atendimento à doença. Além disso, o processo de vacinação exigiu que as equipes da Atenção Básica, responsáveis pelos registros dos indicadores do “Previne Brasil”, fossem desmembradas para atender os drives e postos de aplicação.

“Esse programa foi criado em 2019 e praticamente nasceu junto com a pandemia, e o próprio Ministério da Saúde deixava adormecido o programa. Começou a vacinação em 2021 e priorizamos a vacinação, e quem carregou foi a Atenção à Saúde. Sabíamos que era o que ia salvar vidas, então foi desestruturado todo o departamento. Então todo mundo estava imbuído na questão da vacinação, drives funcionando. Houve um grupo muito grande de agentes atendendo. Todo esse serviço foi meio que desmantelado”, declara o secretário.

Elaine Cordeiro, diretora de Atenção à Saúde, diz que os atendimentos aos indicadores, como consultas pré-natais, exames de sífilis e HIV, crianças vacinadas contra hepatite e aferimentos de pressão de pessoas hipertensas, foram diminuídos pela necessidade de acompanhar os casos de infecção pela Covid-19. “Não geramos esse tipo de atendimento, pelo foco na pandemia. Muitos dos nossos profissionais ficaram voltados para contribuir ao enfrentamento da pandemia. As unidades básicas, principalmente, tiveram essa questão de deixar sua missão para socorrer o que era emergencial. Agora sim estamos imbuídos no atendimento dos indicadores”, justifica.

Outro fator que impediu um melhor resultado no levantamento de 2022 foi a dificuldade de anotar, registrar e atualizar os dados junto ao sistema federal, conforme explicações dos responsáveis da pasta.

Sétimo Bóscolo diz que não há esquema de informática atualizado e preparado na Secretaria, além de uma dificuldade de treinamento dos funcionários para inserir os dados. “No final de 2021, percebemos que precisávamos treinar as equipes para preencher os dados. A gente já percebia que tinha deficiência nisso, sabíamos que era complexo, e também tivemos falta de material. Os melhores computadores estão na sala dos médicos, porque ele precisa anotar tudo. Os computadores de 5, 6 anos, então, acabam ficando na sala de enfermagem, na sala dos dentistas”, declara.

Ainda conforme o secretário, houve um caso de notificação atrasada do Ministério, que levanta suspeitas de possível “delay” no recebimento das informações. Desta forma, o resultado não é um panorama concreto da realidade da cidade.

“O nosso direcionamento é que existe uma inconsistência dentro do site. Ontem tiramos um documento específico de papanicolau, e o sistema apontava 14 exames no mês. Sendo que somente uma enfermeira, das 57 que temos, tinha realizado 9. À tarde, quando fomos rever, havia mais de 300. Não tinha sido feita a migração. Já fizemos várias reuniões com a Codiub para entender esse processo. Os dados estão sendo preenchidos com toda a dificuldade material que temos. Quando são corrigidos todos e fechados, dentro da Saúde, é enviado dentro do prontuário e é aceito, mas não contabiliza”, argumenta Sétimo.

Aline Tristão, chefe do departamento de Atenção Básica, diz que será feita uma nova correção nas formas de registros dos atendimentos realizados pelo município. “Vamos trabalhar com a equipe na questão de registros, porque muitas vezes a gente corre, atende, mas não registra. Não é mais só apagar incêndio, é mudar essa cultura. Todos os nossos atendimentos têm que ser registrados. Dentro da Atenção Básica é a retomada dos atendimentos. Alguns aconteciam [na pandemia], mas com menor intensidade. Nós estávamos em um cenário de afastamento. Agora é hora do chamamento, resgatar a missão da atenção básica. Não basta só fazer, temos que fazer dentro dos indicadores e atingir as metas. Sabendo desses indicadores, brevemente as equipes já se preparam. O ‘Previne Brasil’ é um programa para melhorar o acesso à população, mas precisamos trazer o pessoal de novo”, finaliza.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM OnlineLogotipo JM Online

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por