A tutora deles afirma ter tentado por diversas vezes resolver o problema, mas só conseguiu uma promessa palpável a partir do acionamento do Jornal da Manhã
Frequentar as salas de aula continua sendo um desafio para alunos da zona rural. Sem transporte escolar, dois deles, de 15 e 16 anos, aguardam diariamente por uma van que não aparece. Sem respostas palpáveis para que os jovens cheguem à sala de aula, a tutora deles acionou o Jornal da Manhã em busca de ajuda. A expectativa da família é que a situação seja resolvida e os alunos voltem à escola nesta segunda-feira (3).
A mulher relatou ao JM que sua filha, de 16 anos, e o sobrinho, de 15, de quem detém a guarda atualmente, frequentaram a sala de aula apenas um dia desde o início do semestre letivo de 2023, quando ela os levou de forma particular. Eles moram na zona rural de Uberaba e estão matriculados na Escola Estadual Carmelita Carvalho Garcia. O transporte para a escola é feito, no entanto, pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), a partir de convênio firmado entre Estado e Município, com repasses regularizados para esta finalidade.
Desde o início do ano letivo, segundo a denunciante, os primos aguardam pela van no ponto designado, mas ela não chega. A mulher relata ter procurado por diversas vezes a direção da Escola Estadual Carmelita Carvalho Garcia e a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informando o problema, e afirma que nunca obteve retorno em suas tentativas de resolver a situação. Em uma das conversas, ela chegou a pedir uma alternativa para que os jovens não perdessem o conteúdo e as provas bimestrais até que a situação do transporte fosse resolvida.
Procurada pelo Jornal da Manhã, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informou que, por meio do Programa Estadual de Transporte Escolar (PTE/MG), repassa à prefeitura de Uberaba o valor de cerca de R$ 615 mil, anualmente, para realizar o transporte de 287 estudantes da rede estadual que residem na área rural, atendidos pelo programa. O recurso é pago em 10 parcelas mensais, sendo que duas já foram repassadas ao município de Uberaba.
De acordo com informações da SEE/MG, a Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Uberaba, responsável pela coordenação da escola, está em contato com a direção da unidade escolar e a prefeitura do município para regularizar a situação. "O transporte escolar na área rural da região está sendo ofertado normalmente desde o início do ano letivo, sendo realizado em rotas, pontos específicos e garantindo, inclusive, a frequência de outros estudantes da mesma localidade às aulas. A SRE e a direção da unidade escolar avaliam uma solução para garantir que os estudantes citados retornem às atividades pedagógicas na próxima segunda-feira (3/4). A escola também irá oportunizar atividades pedagógicas para a reposição dos conteúdos já trabalhados”, afirmou a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais em nota.
A Prefeitura de Uberaba confirmou que o transporte escolar é oferecido pelo Município a alunos residentes na zona rural que frequentam as salas de aula na rede estadual, por meio de convênio. Em nota, a Semed explicou que em relação ao caso relatado pela JM, houve um problema de acesso à região, que já estava sendo monitorado nos últimos dias pela pasta.
Confira a nota na íntegra: “A Semed acompanha todo o serviço prestado, com controle dos alunos que utilizam o transporte escolar. Quando ocorre algum contratempo, a Semed apura a situação e os boletins registrados, contatando a empresa responsável pela prestação do serviço e fazendo visitas in loco para resolução dos problemas. Além disso, a Semed também está estudando a implantação de um sistema tecnológico para monitoramento do transporte escolar. Em relação ao caso específico, houve um problema de acesso à região, que já estava sendo monitorado nos últimos dias pela Semed. Para solucionar a questão, a Semed entrou em contato com a família envolvida e ampliou a frota para atendimento a partir desta segunda-feira”.
Na tarde desta sexta-feira (31), a mãe entrou em contato com o Jornal da Manhã relatando que, após a denúncia, equipe da Semed esteve na fazenda onde ela reside e trabalha para conversar sobre a situação. A mulher afirmou que, quando indagada sobre com quem ela falava quando procurava a Semed em datas passadas, ela disse o nome do próprio funcionário que fez a visita, surpreendendo o homem. Segundo ela, o funcionário pediu desculpas e afirmou que estaria sobrecarregado e que o caso dela teria passado “batido” diante de tantas demandas.
Na manhã desta terça-feira (4), o Jornal da Manhã recebeu a informação que os estudantes foram buscados pela van na tarde desta segunda-feira (3), participando do segundo dia de aula em 2023. A mãe informou que, quando retornaram da aula, os adolescentes contaram que a direção da escola orientou os alunos quanto à reposição do conteúdo perdido, reforçando que não serão prejudicados.