13 DE MAIO

Ser mulher negra no Brasil é enfrentar o racismo e o machismo como desafios

Dandara Aveiro
Publicado em 12/05/2025 às 19:19
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Advogada Morena Monallisa e a servidora pública estadual Catrina Leopoldino revelam um pouco das suas vivências como negras e profissionais  (Foto/Divulgação)

Advogada Morena Monallisa e a servidora pública estadual Catrina Leopoldino revelam um pouco das suas vivências como negras e profissionais (Foto/Divulgação)

Ser mulher negra no Brasil envolve enfrentar desafios duplos relacionados ao racismo e ao machismo, uma realidade vivida por muitas mulheres, que, ao longo de suas trajetórias, buscam superar barreiras em diversos setores da sociedade. Catarina Leopoldino e Morena Monallisa Moreira compartilham com o Jornal da Manhã suas vivências nesse cenário, destacando caminhos possíveis de construção de autonomia, força e pertencimento. Neste 13 de maio, bem como no restante do mês, o JM produz material especial no combate ao racismo em Uberaba, com o apoio da Câmara Municipal.

Aposentada da Secretaria de Estado da Fazenda e ex-gerente de banco em época em que poucas mulheres ocupavam cargos de liderança, sobretudo negras, Catarina Leopoldino afirma que o primeiro passo para se destacar é o autoconhecimento. “Fui funcionária da antiga MinasCaixa e cheguei à gerência. Em 1980, foi histórico uma mulher com 30 e poucos anos chegar a esse cargo. Tive muitos desafios, principalmente por ser mulher. Mas o maior desafio é vencer a pobreza. A pessoa pobre tem menos oportunidades. Mas o que impulsiona é a vontade”, diz ela.

Já Morena Monallisa, advogada e proprietária de uma empresa de compliance antidiscriminatório, revela como a luta por uma identidade negra no Brasil é uma jornada diária. “Eu passei a ‘racializar’ as situações ao meu redor. Apesar de fazer parte de uma família do movimento negro, eu nunca fui totalmente inserida em um letramento racial vasto. Quando me tornei mãe, eu me senti obrigada a reescrever minha história por meio da história da minha filha”, conta.

Sobre os enfrentamentos cotidianos em meio ao racismo estrutural, Catarina e Morena se posicionam de maneiras diferentes. Se, por um lado, a primeira deixa clara sua postura combativa diante das desigualdades, recusando a vitimização e apostando na coragem e no esforço como ferramentas de superação, por outro, a segunda entende que o racismo velado ainda impõe desafios silenciosos, especialmente no mercado de trabalho.

“Eu reconheço que o racismo existe, mas eu fui criada para enfrentar, para seguir em frente, para ter coragem, para não abaixar a cabeça. Então, eu não aceito esse discurso de que a gente tem que se colocar como vítima o tempo todo. A gente precisa lutar, estudar, trabalhar e se impor com dignidade”, ressalta Catarina.

Paralelamente, Morena destaca que “ser mulher negra em busca de um cargo de liderança é como subir uma escada onde os degraus são frágeis e muitas vezes invisíveis. É preciso provar competências inúmeras vezes e nem sempre somos ouvidas, respeitadas e valorizadas. É um desafio romper esse teto de vidro, onde é necessário não só políticas de inclusão, mas também ambientes que realmente acolham a diversidade”.

Apesar dos diferentes pontos de vista, as duas compartilham valores como a fé e o poder do autoconhecimento como base do empoderamento. Para Catarina, trata-se de um processo interno. “Tem gente que tem poder, mas não tem empoderamento. Se eu não tiver conhecimento, vou cair no ridículo. Empoderamento é tirar de dentro de si forças, vontade, conhecimento. Não depende da sociedade, depende de você”, pontua. Morena vê uma força coletiva no empoderamento. “É falar de onde eu vim e para onde quero ir — ser metade do que as mulheres da minha vida foram. Quando eu subo um degrau, subo com um coletivo que acredita na minha potência”.

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