A extinção da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista começa a refletir em alguns segmentos. Apesar de as grandes empresas firmarem a intenção de dar preferência aos profissionais formados, muitos que pretendiam cursar a faculdade desistiram após a decisão do Supremo Tribunal Federal. Na Universidade de Uberaba (Uniube), a turma que seria formada através do vestibular de junho foi cancelada por causa da baixa procura.
Com 22 anos e desde nova pensando em se formar em Jornalismo, Carolina Oliveira foi pega de surpresa com a decisão. Com medo das reações do mercado, a jovem preferiu aguardar e adiar o vestibular para o início de 2010. “Arrependo-me um pouco agora, mas achei que era melhor ver qual seria a reação das universidades em relação à qualidade do ensino”, diz.
André Azevedo da Fonseca, diretor do curso de Comunicação Social da (Uniube), não discute que a profissão está experimentando um momento de crise. A ansiedade que atormenta jornalistas, professores e, principalmente, estudantes, fazendo com que eles temam a depreciação do mercado de trabalho e se preocupem com o futuro de suas carreiras, é questionada por ele. “Acredito que estejamos passando por um efeito de pânico momentâneo, principalmente dos candidatos ao curso. Porém, isso é infundado, temos vários exemplos de que o mercado continuará exigindo a formação acadêmica”, salienta, lembrando o caso do curso de Publicidade e Propaganda, profissão que não exige o diploma e que, historicamente, sempre teve mais procura do que o Jornalismo na instituição.
Para André, há muita desinformação sobre as reais consequências da medida do STJ. Quando as pessoas entenderem melhor o sentido do curso de Jornalismo para a consolidação de uma carreira em longo prazo, diz ele, ficará suficientemente claro que o curso é imprescindível para que se tenha um bom profissional. “Não tem cabimento, na era da informação, abrir mão da formação superior. Vejo essa crise como um momento fértil para que façamos mudanças que correspondam a essas necessidades. O curso precisa, mais do que nunca, deixar clara a diferença entre um profissional formado e um que não seja. A qualificação deve ficar mais explícita, de modo que a competência fique, de fato, inquestionável”, conclui.