Vale a pena fazer uma 2ª faculdade? Profissionais contam por que optaram por nova graduação

Concluir uma graduação e optar por cursar uma segunda pode parecer um grande desafio — ainda mais em uma área aparentemente oposta. Contudo, muitos profissionais enxergam essa escolha como uma oportunidade de fortalecer o currículo e alinhar interesses diversos. Alunos da Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) contam como desmistificaram o processo e explicam como recalcular a rota.

Publicidade e Zootecnia

Raphael Botta é um dos casos de segunda graduação na Fazu, hoje cursando o 2º período de Zootecnia. Com uma veia artística, Raphael sempre se interessou por desenho, música e fotografia, o que o levou a cursar Publicidade e Propaganda como primeira graduação. No decorrer do curso, a afinidade com a área de Planejamento de Marketing cresceu e, ao alçar voos na profissão, realizou o sonho de ingressar na empresa Girolando.

“Quando eu fazia Publicidade, trabalhava em uma empresa de comunicação visual de Uberaba e era impressor de máquinas de grande escala. Eu quem fazia os adesivos da Girolando⁠. Então, olhava para aquela marca e falava: ‘Eu vou trabalhar nesse lugar’. Meu caminho me levou para diversas empresas, em áreas diferentes, mas tratou de me colocar no lugar certo, na hora certa e com o conhecimento necessário”, explica Raphael, que hoje é coordenador de Marketing na Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.

Com o cargo na Girolando, o profissional também teve a oportunidade de se reaproximar das raízes da família, que veio de Veríssimo, onde eram criadores de Gir Leiteiro e Girolando. “Inclusive, minha tia é egressa da Fazu, também zootecnista — Débora Cristina de Paiva, formada em 2002. Me apaixonei pela área, por tudo que aprendi na associação e entendi que meu caminho é esse: ser um comunicador especializado na pecuária.”

“O futuro pode mudar tudo na nossa vida. Dentro do que faço hoje, o conhecimento do animal e da cultura é extremamente necessário. ⁠Posso dizer que estou complementando meus conhecimentos para me tornar um profissional completo na área pela qual me apaixonei e que quero exercer”, conclui.

Engenharia Civil e Psicologia

Vinícius Silveira quebra estereótipos de perfil e explica que gosta tanto de desafios lógicos quanto de humanidades — especialmente de contar e ouvir histórias. Graduado em Engenharia Civil, Vinícius atua como calculista estrutural autônomo e, atualmente, cursa o 2º período de Psicologia na Fazu. Nascido em Belo Horizonte (MG), a instituição chamou a atenção do jovem pelo acolhimento recebido em uma visita presencial, tanto pela coordenadora do curso quanto pelo setor comercial.

A escolha pela segunda graduação não veio de uma insatisfação com a primeira; ao contrário, a afinidade com o lado desafiador da engenharia é algo que faz o coração do profissional vibrar. Contudo, ainda havia uma lacuna a ser preenchida, principalmente no que tange à comunicação e à compreensão de outras realidades. Por isso, em vez de seguir uma formação linear e se especializar com um mestrado, Vinícius decidiu pela Psicologia. A ideia do curso veio justamente de um processo terapêutico, no qual não só teve resultados pessoais, como quis ampliar o entendimento acadêmico.

“Depois de pensar e avaliar muito, eu optei pela Psicologia, que é a profissão do futuro. Não apenas a do futuro, como a do presente também. É uma profissão que me chama muita atenção pelo storytelling, por se conectar com pessoas, ouvir várias histórias e colaborar com elas de alguma forma. Eu acho isso muito legal”, explica.

Ao falar sobre o futuro, Vinícius não simplifica sua jornada a uma migração de carreira. Bem-humorado, o engenheiro e futuro psicólogo conta que também considera o retorno financeiro. “Eu não sei o que o futuro me aguarda, mas, dentre as duas profissões, devo trabalhar majoritariamente com a que remunerar melhor. Esse será o meu carro-chefe, mas eu não pretendo abandonar nem uma nem outra — espero atuar de alguma forma nas duas, ainda que de maneira esporádica.”

Direito e Agronomia

Já Yuri Matos conta que a escolha pela segunda graduação foi pautada não apenas em alinhar interesses diferentes, mas sim complementares. Formado em Direito, hoje Yuri está no 5º período de Engenharia Agronômica na Fazu. Yuri nasceu em Uberaba, mas mudou para Catalão (GO) ainda criança. O rapaz se graduou em Direito justamente por enxergar na profissão uma vasta área de atuação — seja exercendo a advocacia ou prestando concursos públicos.

Focado em se especializar, logo após a conclusão do curso de Direito, Yuri quis agregar a afinidade pela agricultura ao currículo. Vindo de uma família de produtores, o jovem decidiu fazer um MBA em Agronegócio. Em um encontro presencial da pós-graduação, Yuri teve um insight: viu uma oportunidade enriquecedora de potencializar o Direito com outra graduação — a Agronomia.

Na época, o irmão havia prestado vestibular e escolhido a Fazu. Foi então que Yuri decidiu pesquisar mais sobre a instituição e identificou três diferenciais: uma Fazenda Escola voltada para atividades práticas, professores com currículos robustos e a oportunidade de estágio desde o primeiro período. Após escolher a Agronomia na Fazu, teve certeza de que a decisão foi a ideal e, atualmente, é estagiário em uma Estação de Pesquisa.

“Hoje, eu trabalho para construir um currículo que, quando eu me formar, possa me oportunizar concorrer a uma vaga de mestrado na área de Entomologia Agrícola. Além disso, quero conciliar minha primeira graduação, o Direito, com a Agronomia. Hoje, a área de controle biológico é crescente no Brasil e, recentemente, veio a Lei dos Bioinsumos — onde vejo que também posso aproveitar o Direito”, explica.