Cavalos soltos pelas ruas de Uberaba (Foto/Arquivo/Jairo Chagas)
Neste período de inverno e seca, é comum observar aumento nos casos de animais acidentados no Hospital Veterinário de Uberaba (HVU). Geralmente, esses animais são vítimas de atropelamentos ou acidentes domésticos, que podem resultar em óbito. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o médico veterinário Cláudio Yudi compartilhou informações sobre a melhor maneira de lidar com essa situação.
Yudi explica que o aumento de acidentes ocorre devido ao deslocamento dos animais. Além dos incêndios na zona rural, é comum que os bichos migrem do campo para a cidade em busca de alimentos. Eles também tendem a percorrer mais as estradas durante o período reprodutivo, o que impacta diretamente no número de incidentes.
"Primeiro, devido à estiagem, eles começam a buscar alimento e, por consequência, percorrem distâncias maiores. Além disso, eles podem atravessar rodovias importantes em busca de fontes de água. Outra causa de atropelamentos é a coincidência entre o período reprodutivo e o inverno, o que os leva a buscar parceiros. Portanto, isso também pode ocorrer", explica o médico veterinário.
Segundo Cláudio Yudi, fatores como a busca por árvores frutíferas, a presença de plantações de cana-de-açúcar e a extensão das rodovias em Minas Gerais são todos elementos que impulsionam essa migração de animais na região. No entanto, as principais influências são as mudanças climáticas, que não podem ser prevenidas para evitar acidentes.
"Em 2020, por exemplo, começaram a aparecer onças no horto aqui de Uberaba. Naquela época, estava extremamente seco, especialmente no início da pandemia. Montamos armadilhas, mas, após duas semanas de chuva e retorno da vegetação, as onças desapareceram. Isso evidencia a influência da falta de chuva. Atropelamentos ocorrem todos os anos com certa frequência em nossa região, mas há um aumento durante esse período", acrescenta o veterinário.
Diante disso, ele aconselha que, em caso de acidente, seja sempre feito contato com a Polícia Militar Ambiental e o Corpo de Bombeiros para o resgate dos animais. Yudi ressalta que é importante nunca se aproximar do animal, pois eles tendem a ser agressivos e podem causar ferimentos. Além disso, ele alerta que esses animais podem transmitir doenças por meio de secreções e sangue, portanto, é fundamental evitar o contato físico.
As espécies mais frequentemente vítimas de acidentes são aves, répteis e mamíferos. Em cada dez acidentes, sete envolvem aves, dois são com mamíferos e um é com réptil. "No caso das aves, é comum encontrarmos periquitos, como o Periquito Maracanã, além de gaviões, como o Gavião Carcará e o Gavião Carijó. Também são frequentes as seriemas, aves pernaltas da nossa região. Entre os mamíferos, podemos citar o tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, lobo-guará, cachorro-do-mato, tatu, capivara e gamba. Em relação aos répteis, encontramos principalmente cobras e serpentes", complementa Yudi.
A única forma de prevenção para esses acidentes é adotar uma direção defensiva, ou seja, dirigir com cuidado para evitar colisões. Segundo Cláudio Yudi, os acidentes com animais silvestres geralmente ocorrem durante a manhã e a madrugada, no crepúsculo. "Normalmente, é à noite que os animais saem em busca de alimento. Os acidentes ocorrem principalmente porque os animais atravessam as estradas sem compreender questões de sinalização e respeito, o que dificulta a reação do motorista em tempo hábil. Portanto, é comum ocorrer atropelamentos repentinos, quando o motorista percebe que o animal está muito próximo e não há tempo suficiente para frear", conclui.