PRESERVAÇÃO

Zoneamento paleontológico não deve encarecer custo da obra, avalia especialista

A finalização do relatório está prevista para agosto deste ano e, embora não haja tabelamento de valores, a expectativa é que seja de cerca de 0,5%

Dandara Aveiro
Publicado em 16/03/2025 às 17:42
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O estudo se baseia em afloramentos rochosos, perfurações de poços tubulares e registros fósseis encontrados na cidade. (Foto/Reprodução)

Está prevista para agosto deste ano a finalização do relatório de zoneamento paleontológico em Uberaba, cujo objetivo é mapear áreas com maior probabilidade de incidência de fósseis. O documento será útil para auxiliar empreendedores durante o planejamento de obras, orientando a escolha de locais. Embora ainda não haja previsão de valores repassados aos construtores, a avaliação de especialistas é que o aumento do custo de obra gire em torno de 0,5%, percentual considerado baixo tendo em vista o ganho global de escolha de terrenos aptos para a construção. 

O geólogo e paleontólogo Luiz Carlos Ribeiro defende a iniciativa e ressalta a importância de Uberaba no contexto da Paleontologia, não só por ser um importante berço histórico. “Uberaba está sendo tão exemplar nesse projeto, que ela é única no Brasil e, talvez, a gente vai ter o melhor programa de conservação do patrimônio paleontológico do mundo”, ressalta. 

Um dos coordenadores do projeto, Thiago Marinho, explica que o estudo antecipa a identificação de áreas de alto e médio potencial fossilífero, dando mais segurança ao setor da construção civil. "De antemão, os empreendedores já saberão se sua área vai encontrar rochas fossilíferas, o que os auxiliará no próprio planejamento das obras. Sabendo disso, e se confirmada a presença desses materiais, os empreendedores poderão incluir os custos do monitoramento paleontológico, que deverá ser contratado em casos de alto ou médio potencial paleontológico, em seus orçamentos”, explica. O estudo se baseia em afloramentos rochosos, perfurações de poços tubulares e registros fósseis encontrados na cidade. 

Ainda não haja um valor fixo para esse tipo de monitoramento, a estimativa de Luiz Carlos é que a exigência aumente em cerca de 0,5% o custo das obras. Na avaliação do especialista, trata-se de percentual baixo diante da previsibilidade que o zoneamento trará aos empreendedores na aquisição de terrenos, considerando os gastos com terraplenagem e outras exigências estruturais.  

O programa de Zoneamento Paleontológico, que conta com o apoio da Prefeitura de Uberaba e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), está em fase final de elaboração do relatório, que será entregue ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para ampla divulgação. Segundo o cronograma, a conclusão do estudo está prevista para agosto deste ano, quando os resultados deverão ser apresentados à população em audiência pública. 

Paralisação de obras 

Uma das maiores descobertas de fósseis aconteceu recentemente em meio a uma obra, a do Residencial Tamareiras. No local, foram encontrados 238 fósseis em 2023. Contudo, Luiz Carlos Ribeiro assegura que não foi essa descoberta que atrasou a obra.  

“Nós temos bagagem para falar que fóssil não para obra e não atrapalhamos o fluxo normal das construções. Trabalhos no tempo previsto e estipulado para nossa equipe. Não somos contra o desenvolvimento e fazemos tudo com o consentimento do empreendedor. Tentamos sempre mostrar que não queremos parar obras e nem dar despesas”, afirma. 

Além dessa, outras descobertas de fósseis foram registradas em obras, inclusive de melhorias da malha rodoviária. Ainda em 2023, a concessionária Ecovias encontrou ao menos 32 fósseis durante escavações para obras, entre os quilômetros 128 e 183.  

Conhecida como "Terra dos Dinossauros no Brasil", Uberaba é considerada o maior sítio paleontológico urbano nacional, com ao menos 33 geossítios catalogados. Sua posição estratégica a torna terreno fértil para descobertas paleontológicas, corroborando a necessidade de um zoneamento paleontológico para orientar a construção civil. 

Impacto para o Geoparque Uberaba 

A iniciativa está alinhada ao trabalho de conscientização promovido pelo Geoparque Uberaba, que busca valorizar a geodiversidade da região e ampliar a preservação dos patrimônios paleontológicos. Segundo Marinho, o projeto de zoneamento terá papel fundamental na revalidação do Geoparque pela Unesco em 2027, consolidando a cidade como referência internacional no tema. 

“Esse é um trabalho constante e contínuo no Geoparque Uberaba. Afinal, a conservação e promoção dos patrimônios da geodiversidade é o objetivo central dos Geoparques da UNESCO”, comenta Marinho. 

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