O Palmeiras de Leila Pereira trata a postura do Flamengo como "prepotente e dolosa" (Foto/Cesar Menotti/Palmeiras)
A relação entre Palmeiras e Flamengo, já marcada por divergências políticas no futebol brasileiro, ganhou um novo episódio de tensão. O clube alviverde anunciou que ingressará na Justiça contra o rival carioca, em razão da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que suspendeu o repasse de R$ 77 milhões da Libra, destinados aos clubes integrantes da liga.
O valor bloqueado corresponde a uma parcela do contrato assinado pela Libra com a TV Globo, relativo às transmissões do Campeonato Brasileiro no sistema de pay-per-view. A medida, obtida a pedido do Flamengo, gerou forte reação do Palmeiras, que classificou a iniciativa como uma tentativa de pressionar os demais clubes em busca de vantagens individuais.
Segundo a diretoria palmeirense, a postura do Rubro-Negro é "arrogante e dolosa". O clube lembra que não seria prejudicado financeiramente pela alteração defendida pelo Flamengo, mas mesmo assim discorda da estratégia, que considera prejudicial ao coletivo. A presidente Leila Pereira destacou que o Verdão defende a construção de um projeto sustentável e equilibrado para todos os filiados à Libra.
Entre os 15 times que compõem o grupo ABC da liga estão, além de Palmeiras e Flamengo, Atlético-MG, Bahia, Brusque, Grêmio, Guarani, Paysandu, Red Bull Bragantino, Remo, Santos, Sampaio Corrêa, São Paulo, Vitória e Volta Redonda.
Na avaliação palmeirense, a decisão do Flamengo de ir à Justiça reforça um comportamento político recorrente da atual gestão carioca. O clube paulista lembrou, inclusive, que em outra ocasião o time rubro-negro se recusou a assinar um documento coletivo da Libra contra o racismo no futebol sul-americano.
Do lado do Flamengo, o argumento é que a atual fórmula de divisão das receitas televisivas não valoriza corretamente o peso de sua torcida. A direção rubro-negra sustenta que responde por quase metade da audiência dos clubes da Libra, cerca de 47%, e que, portanto, deveria receber um percentual maior dos ganhos atrelados ao pay-per-view.
A questão agora deve se transformar em uma longa batalha judicial. Enquanto o Flamengo insiste em mudanças nos critérios de repartição, o Palmeiras se coloca como defensor de uma partilha mais igualitária, mesmo em situações nas quais poderia se beneficiar individualmente.
O impasse acirra a disputa política dentro da Libra e aumenta a pressão sobre os clubes para definir qual será o modelo de governança e divisão de recursos da liga.
Com a judicialização, cresce a incerteza sobre como será o futuro da negociação coletiva dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro.