Carlos Alberto Parreira se vê em uma encruzilhada: como preparar seu time para a Copa do Mundo sem ignorar o momento histórico vivido pela África do Sul? Só ontem, sua equipe participou de dois eventos que nada tiveram a ver com o futebol. Primeiro, subiu em um ônibus e fez uma carreata de uma hora para cerca de 200 mil torcedores. Depois recebeu o presidente Jacob Zuma, antes do treino da tarde.
“ Já conversei com meus jogadores e disse que não podemos perder o foco. Estamos trabalhando há meses e não podemos nos desconcentrar neste momento, mas fica difícil evitar tamanha comoção popular - e, às vezes, aproveitamento político - a apenas dois dias para a Copa do Mundo”, explicou o treinador.
Parreira saiu da carreata visivelmente eufórico com a experiência e considerou que ela contribuiu para motivar os jogadores. Ainda assim, o treinador limitou o número de atletas no ônibus. Por decisão dele, apenas sete jogadores representaram o time.
Dançando e soprando suas vuvuzelas, os sul-africanos fizeram festa para a sua seleção, no mesmo dia em que um hotel usado por jornalistas sofreu um roubo armado.
As ruas de Johanesburgo ficaram tomadas por torcedores que queriam ver a passagem dos "Bafana Bafana" ("os rapazes"), a seleção que está ajudando a unir uma nação ainda dividida, 16 anos após o fim do regime do apartheid. Na cidade do Cabo, os torcedores também tocaram suas vuvuzelas - as cornetas que estão virando símbolo desta Copa.
Mas o assalto a jornalistas de Portugal e Espanha, ocorrido ainda de madrugada, serviu para lembrar que a criminalidade em Johanesburgo está entre as maiores do mundo. Os bandidos levaram equipamentos e dinheiro dos jornalistas, numa pousada na bela cidade de Magaliesburg. "Foi a coisa mais assustadora que já me aconteceu", disse o fotógrafo Antonio Simões, acordado sob a mira de uma arma.