A espera de Faustão pelo transplante de coração foi "rápida demais"? O Ministério da Saúde divulgou um comunicado, neste domingo (27/08) informando que, entre 19 e 26 de agosto, foram realizados 11 transplantes de coração no país, não incluindo o do apresentador Faustão, operado neste domingo no hospital Albert Einstein.
Segundo o ministério, sete desses procedimentos foram realizados no estado de São Paulo. A nota explica também que a rapidez no transplante de Faustão foi devido à gravidade do caso dele. "Neste domingo, mais um paciente na capital paulista foi contemplado com um transplante cardíaco, neste caso, também priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde - o apresentador Fausto Silva. Ele recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento, assim como os outros sete transplantados", diz a nota.
"A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada. A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica", afirma o texto.
Ainda de acordo com a pasta, no primeiro semestre deste ano foram realizados 206 transplantes de coração no Brasil, um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
O ministério afirma que é quem gerencia o transplantes de órgãos no país e que "assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade. Os pacientes, por meio do SUS, recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante".
Transplante de Faustão é questionado nas redes sociais
Houve reações nas redes sociais, criticando a rapidez no processo. João Silva, filho do apresentador, usou o Instagram para se manifestar, republicando um story postado pelo amigo Enzo Celulari, em que se destacava "Informem-se antes de julgar" e o link para uma série de tuítes de um médico de Minas, pedindo para que "não façam ilações ou acusações irresponsáveis de 'furação' de filas ou interesses escusos".
Outro paciente recusou coração recebido por Faustão
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na madrugada deste domingo a Central de Transplantes teve a oferta de um coração. "O sistema informatizado de gerenciamento de transplantes trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Desses, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente (Faustão) ocupava a segunda posição nesta seleção. A equipe transplantadora do paciente que ocupava a primeira posição decidiu pela recusa do órgão e, desta forma, a oferta seguiu para o segundo paciente da seleção."
De acordo com o boletim médico divulgado pelo Albert Einstein, a cirurgia ocorreu no início da tarde de ontem e durou 2h30. O procedimento foi realizado com sucesso. Faustão continuará na UTI para o acompanhamento da adaptação do órgão e para controle da rejeição.
Visão de especialista
Um prazo menor de 30 dias para um transplante de coração não é raro, de acordo com especialistas. "Isso com os critérios de gravidade que nós temos hoje. Neste ano, 60 pacientes no Brasil receberam o órgão com menos de um mês de fila de espera", afirma Gustavo Fernandes Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e diretor do programa de transplante da Santa Casa.
É a mesma visão de Paulo Pêgo Fernandes, professor de cirurgia torácica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do conselho da ABTO. (O prazo) não surpreende Não é rotineiro, mas já tivemos casos até mais rápidos."
Existem diferentes categorias de prioridade, de acordo o estado de saúde do paciente. Aquele que precisa de auxílio mecânico para o funcionamento do coração com o aparelho conhecido como Ecmo - máquina extracorpórea que fornece suporte para o sistema cardíaco - é o primeiro da fila. Depois, vêm aqueles que precisam de balões intraórticos, que ajudam a bombear o sangue para o organismo. Em seguida, os pacientes que estão na UTI, com medicamentos intravenosos. Por fim, aqueles que recebem tratamento na enfermaria. Quando o receptor está em tratamento ambulatório domiciliar, vale a ordem cronológica da fila e a espera chega a alguns meses.
Os critérios para transplante de coração
Para transplante de coração, são considerados critérios técnicos, como a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura e genética. O tamanho do órgão também é importante. "Em um paciente com prioridade, a média é de 40 dias, mas depende de todos esses fatores", diz Pêgo.
De acordo com o Ministério da Saúde, a lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para os da rede privada. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como um critério de desempate Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.
Fonte: O Tempo