POLÊMICA

Após aprovar apenas brancos em concurso para professor negro, UFMG vai refazer etapa do certame

Em comunicado, universidade reconhece que, durante a seleção, "não foram observados" itens previstos no edital

O Tempo/Gabriel Rezende
Publicado em 09/07/2024 às 09:33
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Vista parcial do campus Pampulha com o prédio da Reitoria à esquerda (Foto/Foca Lisboa/UFMG)

Vista parcial do campus Pampulha com o prédio da Reitoria à esquerda (Foto/Foca Lisboa/UFMG)

Após aprovar apenas candidatos brancos em um concurso cujo edital citava “vaga reservada” para negros, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai refazer a segunda etapa do processo, em que ocorreu a desclassificação dos candidatos negros. A seleção visa ao preenchimento de uma vaga para professor adjunto para o Departamento de Fisiologia e Biofísica (ICB/UFMG).

Em comunicado assinado pelo diretor do ICB, Ricardo Gonçalves, a UFMG reconhece que, durante a seleção, "não foram observados" itens previstos no edital. Dentre eles, o fato de ser "vedado ao candidato assistir à realização das provas dos demais candidatos". Segundo denúncia apresentada por uma candidata, todos conseguiram acompanhar a seleção.

Uma nova data para a seleção será divulgada posteriormente. No comunicado, a universidade apenas afirma que os candidatos serão “convocados com até 30 dias de antecedência para comparecimento no local estabelecido para a realização da prova”, conforme previsto no edital.

O concurso foi dividido em duas fases: prova escrita na primeira e julgamento de títulos e apresentação de seminário na segunda. Conforme a UFMG, 11 candidatos participaram da primeira etapa, sendo que sete avançaram para a segunda, quando ocorreu a desclassificação dos candidatos negros.

A denúncia da classificação apenas de candidatos brancos veio a público a partir de denúncia de Giselle Santos Magalhães, de 37 anos, que se dedicou à vaga desde quando fez o doutorado, em 2012. Ela teve a maior pontuação nos títulos (currículos), com 95 pontos. Contudo, a desclassificação ocorreu na apresentação do seminário, que ela reforça ser “parcialmente subjetiva”.

A advogada Isabela Corby representa Giselle. Segundo ela, a fase recursal ainda está em andamento, e a universidade tem até o próximo dia 24 para responder. Contudo, a decisão de refazer a etapa deve ser comemorada. “É uma vitória, mas não é total, porque na decisão não está explícito se a UFMG se propõe a modificar a banca de avaliação”, avalia.

Na resposta para o recurso de sua cliente, a advogada espera conseguir acesso “às atas e aos vídeos” do processo seletivo. “Precisamos analisar”, diz. Isabela também deseja que o caso sirva de exemplo para que situações como essa não se repitam futuramente. “Nossa expectativa é de que haja comprometimento da instituição, reconhecimento de que errou e compromisso no letramento racial, adequado e robusto”, conclui.

Em posicionamento anterior, a UFMG garantiu que as desclassificações dos candidatos negros foram pautadas em critérios técnicos e, por isso, a vaga foi “revertida para ampla concorrência”. A instituição também se disse comprometida com “adoção de ações afirmativas” para “promover o acesso e a permanência de grupos socialmente discriminados no ambiente acadêmico”.

Fonte: O Tempo

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