O aumento do salário mínimo, que passou de
R$ 545 para R$ 622, em 1º de janeiro, não resultou em aumento do consumo, nem na quitação de dívidas.
A suspeita da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) é que esse dinheiro adicional no bolso do trabalhador foi usado no pagamento de impostos, que começam a ser cobrados no início do ano, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
De acordo com a entidade, as vendas no varejo tiveram alta de 2,45% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês em 2011. A entidade tinha a expectativa de que esse aumento ficasse entre 3% e 3,5%. “Ficou bem abaixo. Por causa dos recursos oriundos do aumento do salário mínimo, esperávamos 40% a mais do que o índice apresentado”, lamentou o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior.
Segundo Pellizzaro Júnior, os números mostram que a forte demanda reprimida nas classes de mais baixa renda já está perdendo força. “No momento em que se veem mais acomodadas e com seus desejos primários de consumo satisfeitos, as pessoas começam a esperar um pouco mais para fazer uma nova compra, na busca por preços e prazos mais favoráveis à aquisição de determinado produto”, disse.
A tese de que esse dinheiro a mais, decorrente do aumento do salário mínimo, foi para o pagamento dos tributos só poderá ser comprovada depois de avaliados os números de março. “Se isso não acontecer, é sinal de que o aumento do salário mínimo não foi suficiente para se tornar uma grande alavanca para os números [da economia] em 2012”, acrescentou o presidente da CNDL.
Os altos juros cobrados pelas operadoras de cartão de crédito no Brasil também têm prejudicado as vendas. “O crédito rotativo no Brasil é muito diferente do que acontece no resto do mundo. Aqui, ele é emergencial e significa um passo muito próximo à inadimplência, por ter juros muito altos, que retiram a capacidade de pagamento do consumidor”, explica. Segundo Pellizzaro Júnior, 30% dos brasileiros refinanciam dívidas do cartão pelo crédito rotativo. “É, a nosso ver, um índice muito alto”, alertou.