REGULARIZAÇÃO

Bets de investigações que envolvem Deolane e Gusttavo Lima são consideradas ilegais pelo governo

A Polícia Civil de Pernambuco investiga a Vai de Bet e a Esportes da Sorte em operação que apura um esquema de lavagem de dinheiro oriundo de jogos ilegais

O Tempo/Renato Alves
Publicado em 02/10/2024 às 09:57
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Gusttavo Lima em peça publicitária da Vai de Bet: empresa de apostas online investigada pela Polícia Civil de Pernambuco ficou fora de casas autorizadas a operar no Brasil (Foto/Reprodução/Publicidade da Vai de Bet)

Envolvidas nas investigações contra o cantor Gusttavo Lima e a influenciadora Deolane Bezerra, Esportes da Sorte e a Vai de Bet ficaram fora da lista de casas de apostas autorizadas pelo Ministério da Fazenda para atuar no Brasil, divulgada terça-feira (1º). Portanto, ambas são consideradas ilegais e estão proibidas de oferecer apostas online.

A lista divulgada pelo ministério tem 193 marcas de 89 empresas autorizadas a funcionar no país e mais seis com licença para operar no Paraná. O prazo para a regularização terminou às 23h59 de segunda-feira (30). quem ficou de fora tem até 11 de outubro para tirar do ar seus sites. Com isso, os apostadores têm 10 dias para resgatar seus saldos nas bets irregulares.

A Polícia Civil de Pernambuco investiga a Vai de Bet em operação que apura um esquema de lavagem de dinheiro oriundo de jogos ilegais. Essa apuração levou Deolane à prisão duas vezes – a segunda, após ela quebrar medidas impostas pela Justiça para responder o processo em liberdade.

A mesma investigação aponta que o cantor sertanejo Gusttavo Lima adquiriu participação de 25% na Vai de Bet em julho. Ele foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa e chegou a ter um mandado de prisão preventiva decretado na semana passada, que foi revogado no dia seguinte.

Em uma live em seu perfil do Instagram na última segunda-feira, Gusttavo Lima afirmou que o contrato com a casa de apostas é uma forma de remuneração pela prestação de serviços como divulgador da bet. “Não sou sócio da Vai de Bet, sou garoto-propaganda, tenho um contrato de prestação de serviço com a Vai de Bet”, afirmou o cantor.

Ele disse que trata-se de um contrato em que, caso a bet fosse vendida, receberia 25% do valor negociado. Alegou que o contrato é a forma de remuneração combinada para a sua prestação de serviço como divulgador da marca. “Foi celebrada a negociação de 25% de uma possível venda da marca, eu não sou dono da marca, não tenho a caneta”, argumentou.

“Eu posso escolher a forma que eu quero ganhar, eu poderia ter escolhido um fixo, mas eu prefiro ter a participação de uma possível venda da empresa e usar a imagem do Gusttavo para valorar essa marca”, reiterou o artistas. “Eu escolho a forma que eu vou ser remunerado, se eu quero uma ação da empresa... mas isso não significa que eu sou dono da marca.”

A Vai de Bet disse, em nota, que ainda não tem uma posição oficial sobre não constar na lista. A empresa busca entender a situação na Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda e afirma que cumpriu com as exigências da portaria.

Patrocinadora do Corinthians também é considerada irregular

A Esportes da Sorte também é alvo de investigação da Polícia Civil de Pernambuco sobre lavagem de dinheiro de origem ilegal oriundo do jogo do bicho no Estado, com base em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O dono da bet, Darwin Henrique da Silva Filho, foi preso no começo de setembro, com a mulher, Maria Eduarda Quinto Filizola. A defesa do casal afirmou, na época, ter demonstrado a “regularidade e a legalidade das atividades profissionais” e pediu a revogação das prisões.

A Esportes da Sorte patrocina o Corinthians e a equipe feminina do Palmeiras, entre outros clubes. A empresa afirmou que buscou a Secretaria de Prêmios e Apostas para retificação, já que diz ter cumprido todas as exigências da portaria que estabelece os prazos de adequação das bets.

O Corinthians reiterou que a Esportes da Sorte atendeu as demandas necessárias para a regularização desde o dia 20 de setembro. A portaria, de fato, dá até 30 de setembro para indicação de marcas em atividade e os respectivos domínios de internet onde cada bet atua. Mas isso vale apenas para aquelas que já haviam apresentado requerimento de autorização até 17 de setembro, data de publicação da portaria.

O patrocínio com o Corinthians foi assinado em julho, com um total de R$ 309 milhões por três anos de contrato. É o maior valor pago entre os oito clubes que a marca apoia. O acordo conta com cláusulas contratuais e não é dividido igualmente pelos três anos. Somando os demais clubes da Série A, a empresa desembolsa cerca de R$ 80 milhões anuais. Destes, só o Grêmio não expõe a logo como patrocínio master, mas conta com a marca na parte frontal do uniforme.

Números do Banco Central alertaram governo

Levantamento do Banco Central mostrou que o volume mensal de transferências via Pix de pessoas físicas para empresas de apostas on-line variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões neste ano. Em agosto, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família destinaram R$ 3 bilhões para esses jogos online.

Esses números e outros fatores, como o endividamento dos apostadores e falta de regulamentação do setor, levaram o Ministério da Fazenda a tomar medidas como a que levou à exclusão de centenas de casas de apostas autorizadas a operar no Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estima que até 600 bets devem ser bloqueadas.

A regra recente funcionará como fase de transição para o início do mercado regulado no país. A expectativa é de que, até dezembro, a Secretaria de Prêmios e Apostas conclua o processo de análise dos primeiros pedidos recebidos e, a partir de 1º de janeiro de 2025, só poderão atuar as empresas que estejam de acordo com a legislação.

Fonte: O Tempo

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