MEDICAMENTOS?

Bolsonaro relata 'alucinação' e diz que tentou romper tornozeleira por acreditar em 'alguma escuta'

O ex-presidente concedeu as informações em audiência de custódia realizada neste domingo (23/11); ele teve a preventiva mantida e homologada na ocasião

Publicado em 23/11/2025 às 16:16Atualizado em 23/11/2025 às 16:17
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Jair Bolsonaro foi preso preventivamente no sábado (23/11), após tentar violar tornozeleira (Foto/Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que teve uma "alucinação" ao tentar romper a tornozeleira eletrônica que o mantinha em prisão domiciliar na madrugada de sábado (22/11), antes de ser preso de forma preventiva. Isso porque acreditava em "alguma escuta" no aparelho, por isso tentou abrir a tampa. O ex-presidente também contou que não se lembra de "surto" semelhante em outra ocasião.

O relato foi feito em audiência de custódia realizada às 12h deste domingo (23/11) e que durou cerca de 30 minutos. As informações constam na ata da audiência, divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, o ex-presidente teve a prisão preventiva mantida e homologada.

Bolsonaro participou por videoconferência na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília. O ex-presidente estava acompanhado de Daniel Tesser, um de seus advogados. A audiência foi conduzida por uma juíza auxiliar do ministro do STF Alexandre de Moraes, que assinou a ordem de prisão no sábado.

"Indagado acerca do equipamento de monitoramento eletrônico, o depoente respondeu que teve uma 'certa paranoia' de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada", diz a ata. Segundo ele, o uso dos remédios começou quatro dias antes da prisão.

O documento acrescenta que Bolsonaro informou "que tem o sono 'picado' e não dorme direito". Por isso, resolveu, "com um ferro de soldar, mexer na tornozeleira, pois tem curso de operação desse tipo de equipamento" e que já o tinha em casa. O ex-presidente relatou que mexeu no aparelho por volta de meia-noite de sexta-feira (21/11) para sábado, mas em seguida acabou "'caindo na razão' e cessando o uso da solda, ocasião em que comunicou os agentes de sua custódia".

O ex-presidente contou que estava acompanhado de sua filha, Laura Bolsonaro, de seu irmão mais velho e de um assessor em casa, mas que nenhum deles viu a tentativa de romper a tornozeleira, pois estavam dormindo e não perceberam qualquer movimentação.

Bolsonaro nega tentativa de fuga

Na audiência de custódia, Bolsonaro foi questionado se tinha intenção de tirar a tornozeleira para fugir. "O depoente afirmou que não tinha qualquer intenção de fuga e que não houve rompimento da cinta. Afirmou, ainda, que havia rompido anteriormente a cinta em uma ocasião em que precisou realizar uma tomografia", informa a ata.

O ex-presidente também respondeu que a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e que também motivou sua prisão foi chamada para acontecer "a setecentos metros da sua casa, não havendo possibilidade de criar qualquer tumulto que pudesse facilitar hipotética fuga".

Entenda a prisão preventiva de Jair Bolsonaro

Bolsonaro foi preso preventivamente por volta de 6h do sábado. Um dos motivos citados por Moraes na decisão foi um alerta de rompimento da tornozeleira eletrônica que o mantinha em prisão domiciliar.

“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta SUPREMA CORTE a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO, às 0h08min do dia 22/11/2025”, escreveu Moraes na decisão. 

O ex-presidente admitiu, em um vídeo, que usou um ferro de solda para abrir o aparelho que o monitorava em prisão domiciliar. Em um relatório, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) apontou que a tornozeleira “possuía sinais claros e importantes de avaria” e “marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case”.  

Outro fator para a prisão foi a vigília convocada por Flávio Bolsonaro para os arredores da casa do ex-presidente para a noite de sábado. “A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, alegou o ministro. 

"O conteúdo da convocação para a referida 'vigília' indica a possível tentativa da utilização de apoiadores do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO, em aglomeração a ser realizada no local de cumprimento de sua prisão domiciliar, com a finalidade de obstruir a fiscalização das medidas cautelares e da prisão domiciliar pela Polícia Federal e pela Polícia Penal do Distrito Federal", alegou Moraes.  

O ministro do STF frisou que "embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de 'vigília' para a saúde" de Bolsonaro, "a conduta indica a repetição do modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares criminosas, com o objetivo de conseguir vantagens pessoais". 

Ainda na avaliação de Moraes, a vigília "configura altíssimo risco para a efetividade da prisão domiciliar decretada e põe em risco a ordem pública e a efetividade da lei penal". "O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga do réu", completou. 

Outro argumento de Moraes foi a possibilidade de fuga para uma embaixada. "Importante destacar, ainda, que o condomínio do réu está localizado a cerca de 13 km (treze quilômetros) do Setor de Embaixadas Sul de Brasília/DF, onde fica localizada a embaixada dos Estados Unidos da América, em uma distância que pode ser percorrida em cerca de 15 (quinze) minutos de carro”, frisou o ministro. 

Depois da prisão, a defesa de Bolsonaro afirmou que a prisão preventiva causa “profunda perplexidade” e que apresentará o recurso cabível. Os advogados citaram que o estado de saúde do ex-presidente "é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco". 

Fonte/O Tempo

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