O período de maior intensidade de ocorrências foi na última semana de campanha. De 1º a 6 de outubro – dia da votação –, foram registrados 99 casos
Ao menos 373 ocorrências de violência política contra candidatos ou políticos em exercício foram registrados no 1º turno das eleições deste ano. Entre 16 de agosto e 6 de outubro, houve 10 assassinatos, 100 atentados, 138 ameaças, 54 agressões, 51 ofensas, 13 criminalizações e 7 invasões.
O período de maior intensidade de ocorrências foi na última semana de campanha. De 1º a 6 de outubro – dia da votação no primeiro turno –, foram registrados 99 casos, o que corresponde a 16 ocorrências por dia ou uma a cada uma hora e meia.
Durante o 1º turno, foram registrados 10 assassinatos: ou seja, uma pessoa assassinada a cada cinco dias no Brasil.
Dos 24 casos de assassinatos registrados em 2024, mais de 40% dos assassinatos aconteceram durante o período eleitoral.
Os dados são da 3ª edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, desenvolvida pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global. Com 518 ocorrências ao longo de todo o ano, 2024 se mostra como o mais violento da série histórica produzida pelas duas organizações, se considerada a soma dos dados do 1º turno e do período pré-eleitoral.
A recente atualização reforça a forte tendência de crescimento da violência política no país. No mesmo período em 2022, foram registrados aproximadamente 2 casos de violência política por dia. Nos 52 dias do 1º turno das eleições deste ano, ao menos sete pessoas foram vítimas de violência política por dia.
“Ao longo da série histórica, temos observado uma tendência de maior violência nas eleições municipais, onde há um acirramento dentro das cidades que evidenciam as disputas locais. As notícias mostram também situações de intervenção de organizações criminosas no pleito eleitoral, que representa uma ameaça preocupante à democracia”, disse a diretora executiva da Justiça Global, Glaucia Marinho.
Mulheres são, proporcionalmente, as maiores vítimas
Ainda que as mulheres respondam apenas por 33,96% (155 mil) das candidaturas nestas eleições (Dados TSE) e ocupem, proporcionalmente, muito menos assentos em cargos eletivos, elas (mulheres cisgêneras e trans) foram alvo de 35% dos casos de violência política no 1º turno, com 128 ocorrências. O tipo de violência mais recorrente entre as mulheres foi a ameaça, com 56 registros.
“O levantamento do período pré-eleitoral, por exemplo, identificou 15 casos de ameaças de estupro a parlamentares. Os dados do 1º turno revelam a continuidade, o agravamento e até a materialização de um caso de estupro que já identificávamos como ameaça em levantamentos anteriores”, destacou Gisele Barbieri, coordenadora de Incidência Política da Terra de Direitos.
Além disso, o estudo também identificou ao menos oito casos de vazamento de vídeos íntimos ou de montagens de nudez com fotos das candidatas.
Violência por região
A violência política e eleitoral foi registrada em todos os estados do país.
Dados da última eleição presidencial
O Brasil registrou ao menos 163 assassinatos e atentados contra os agentes políticos, 151 ameaças, 94 agressões e 106 ofensas, além de casos de invasão e criminalização, entre 2 de setembro de 2020 e 2 de outubro de 2022, data em que ocorreu o primeiro turno das eleições presidenciais.
As vítimas foram representantes de cargos eletivos, candidatos ou pré-candidatos. Um número considerável de casos está concentrado em 2022, que, antes mesmo do início do período eleitoral registrou mais casos do que o ano de 2021 inteiro.
Esta foi a segunda edição do estudo. A primeira analisou os episódios de violência política ocorridos entre 2016 e 2020. A partir da sequência no monitoramento dos casos, foi possível observar que em 2022 o número de casos de violência política e eleitoral aumentou mais de 400% comparado a 2018, ano da eleição presidencial anterior.
Fonte: O Tempo